Boa noite, John-Boy! Boa noite, Mary Ellen! Lembra dos Waltons do seriado de tevê dos anos 70? Aquele da família americana que enfrenta a Grande Depressão e luta para manter de pé a sua serraria? Além do sobrenome, os Waltons dos dias de hoje têm em comum com os da televisão o início difícil no interior dos Estados Unidos. Mas as semelhanças acabam por aí. Na recém-divulgada lista dos americanos mais ricos, Helen, Alice, Jim, John e Robson Walton ? respectivamente a viúva e os filhos de Sam Walton, o criador da rede de supermercados Wal-Mart ? ocupam da
quarta à nona posição. Com fortunas de US$ 20,5 bilhões por cabeça, os herdeiros consolidaram-se na posição de família mais rica do mundo, com patrimônio conjunto de US$ 102,5 bilhões. É quase exatamente a soma das fortunas de Bill Gates, Warren Buffett e Paul Allen, os três primeiros do ranking. Os Waltons do Século XXI são os controladores do Wal-Mart, que no ano passado superou a ExxonMobil e se tornou a maior corporação do mundo. A cadeia tem hoje 4.150 lojas, com um faturamento anual de US$ 220 bilhões, mais de 100 milhões de clientes diários e 1 milhão de empregados só nos Estados Unidos. Ao contrário dos xarás da tevê, que eram vistos semanalmente por milhões de pessoas no mundo todo, os Waltons da vida real são reclusos, quase misteriosos. Uma das poucas facetas conhecidas da família é a da filantropia. A fundação do clã já doou US$ 1 bilhão até hoje. Diversas causas foram contempladas, mas o foco está na educação.

Helen, a mulher que acompanhou Sam Walton dos tempos de comerciante de quinquilharias no Arkansas à consagração como ?rei dos preços baixos?, é autora da frase que define a filosofia da família: ?Não é o que você junta ao longo da vida, mas o que você passa adiante que determina a qualidade da sua vida?. A máxima é levada a sério. Só a Universidade do Arkansas já recebeu cerca de US$ 300 milhões. Quando Sam Walton morreu, em 1992, o patrimônio líquido da família aproximava-se dos US$ 25 bilhões. O comando do Wal-Mart passou então para um grupo de gestores profissionais quase anônimos que assegurou um crescimento vertiginoso à empresa, baseando-se nos princípios do patriarca. Os herdeiros não participam do dia-a-dia da companhia. Mas quadruplicaram sua fortuna nos últimos 10 anos. Robson Walton, o presidente do Conselho de Administração do grupo, é o único membro da família envolvido com a companhia. É, também, o único com um hobby conhecido. Nas horas vagas, Robson é piloto em corridas de carros antigos.