16/01/2017 - 13:53
A família de Donald Trump sempre esteve intimamente ligada aos seus negócios, e agora também estará em seu governo na Casa Branca.
Desviando-se de críticas por nepotismo e conflitos de interesse, o presidente eleito quer a sua filha Ivanka e seu genro a seu lado no Salão Oval.
O magnata de Nova York, que será o presidente mais rico da história dos Estados Unidos, designou o marido de sua filha Ivanka, o também bilionário do ramo imobiliário Jared Kushner, como alto assessor de seu governo. Para muitos especialistas, essa nomeação viola a lei federal de nepotismo.
O casal anunciou que se mudará com seus três filhos pequenos para Washington, onde Ivanka se prepara para exercer um papel importante na equipe da Presidência.
Apesar de sua juventude e inexperiência na vida política, Kushner e Ivanka, de 36 e 35 anos, respectivamente, já podem ser considerados dois dos jovens mais poderosos da vida política norte-americana.
Os outros filhos de Trump, Donald Jr. e Eric, que, como Kushner e Ivanka, o auxiliaram durante a campanha e fazem parte da sua equipe de transição, não terão cargos formais em sua administração, porém vão controlar seu vasto império imobiliário.
“Eles exercerão seus cargos de maneira muito profissional”, declarou Trump à imprensa. “Não discutam esse assunto comigo”, ressaltou, em esforço para acalmar as críticas sobre potenciais conflitos de interesse.
Uma questão de confiança
Para Michael D’Antonio, autor de uma biografia sobre Trump, a dependência em sua família tem raízes desde a infância do magnata, quando seus pais o enviaram como aspirante a uma academia militar com intuito de educá-lo. “Isso criou nele uma profunda insegurança, afetando sua confiança nos outros”, afirma.
“E para uma pessoa extremamente rica, sempre é difícil encontrar alguém em quem confiar (…) Ele confia mais em seus filhos do que em outras pessoas, e quase exclui os demais”, declarou à AFP o escritor do livro “Te Truth about Trump” (2015), tendo como base várias entrevistas com o bilionário.
“Ainda que seus filhos homens não estejam inseridos na política, tenho certeza de que ele os chamará e pedirá suas opiniões quase que diariamente”, destacou.
O diretor do escritório de ética governamental dos Estados Unidos insiste que Trump deveria vender seus ativos financeiros. Seu plano de transferir o controle de seus negócios a seus filhos é “totalmente inadequado”, e o deixa vulnerável a “suspeitas de corrupção”, constatou Walter M. Shaub.
Por exemplo, Trump lidará com chefes de Estado estrangeiros, cujos países têm negócios na Trump Organization. Além disso, supervisionará a regulação dos bancos, que conferem dinheiro à sua empresa.
Gabinete da primeira-família
O gabinete da primeira-dama, na ala leste da Casa Branca, será transformado no gabinete da primeira-família após a posse de Trump, em 20 de janeiro, noticiou a Fox News.
Se confirmada, a notícia sugere que a ex-modelo e empresária Ivanka ocupará um espaço tradicionalmente dedicado à primeira-dama.
“De alguma forma, os Trump se consideram a realeza dos Estados Unidos”, alegou D’Antonio ao comentar esse informe à imprensa. “Realmente acreditam ser superiores a quase todo mundo, ao ponto de se considerarem geneticamente superiores”, acrescentou.
Não há anúncio oficial de qual cargo será ocupado por Ivanka, porém ela já comunicou que deixará seu alto cargo na Trump Organization, e repassou o controle de sua própria marca de roupa e joias a outra pessoa. Como seu pai, também se nega a vender seus ativos.
Ivanka surpreendeu ao participar da reunião com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, primeiro representante estrangeiro a visitar o presidente eleito.
Também entrou em contato com o presidente argentino, Mauricio Macri, quando ele parabenizou a eleição de seu pai.
Ultimamente, tem conversado com legisladores para impulsionar um projeto de lei que pretende eliminar os gastos referentes a cuidados infantis.
E quanto à Melania? Ainda não está claro quais serão as prioridades da terceira esposa de Trump na Casa Branca.
A ex-modelo eslovena, de 46 anos, mantém um perfil discreto. Até o momento, disse que permaneceria na Trump Tower, em Manhattan, para que seu filho de 10 anos – Barron, o mais novo dentre os filhos do magnata, e meio irmão de Ivanka, Don Jr, Eric e Tiffany – possa terminar o ano letivo.
Ela será a segunda primeira-dama nascida no exterior, além de que não parece muito à vontade na política, já que começou com o pé esquerdo: utilizou um discurso plagiado de Michelle Obama durante a convenção republicana que nomeou seu marido, 24 anos mais velho, candidato do partido à Casa Branca.