A Rodrimar, alvo da Operação Skala deflagrada nesta quinta-feira, 29, para pegar amigos e aliados do presidente Michel Temer, afirmou em uma nota extensa que “nunca recebeu qualquer privilégio do poder público em mais de sete décadas de existência”.

Agentes da Polícia Federal, munidos de autorização do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), prenderam o empresário e advogado José Yunes e o coronel João Baptista Lima Filho – muito próximos de Temer – e fizeram buscas em 20 endereços, entre os quais a sede da Rodrimar, em Santos (SP).

“A operação não afetou os negócios da companhia, que completará 75 anos de trabalho com muita qualidade e com a fidelidade e o respeito de seus clientes e de todo o setor de comércio exterior no Brasil”, afirmou o grupo.

“A Rodrimar e seu presidente foram surpreendidos com a Operação Skala, deflagrada pela Polícia Federal em dia de feriado no Judiciário, impossibilitando o acesso dos advogados aos autos”, destaca nota.

Em outro trecho do texto, a companhia afirma que “nunca pagou propina a nenhum agente público e nunca autorizou que alguém o fizesse em seu nome”.

A companhia cita o emblemático capítulo da mala dos R$ 500 mil da JBS, filmada nas mãos do ex-assessor do presidente, Rodrigo Rocha Loures, em abril do ano passado, em uma rua de São Paulo. O dinheiro seria destinado a Temer via um executivo da Rodrimar.

“A ‘famosa’ mala de dinheiro não saiu da Rodrimar nem era destinada a ela ou a seus executivos, como já foi esclarecido nos autos da investigação”, diz a empresa. “Já houve, inclusive, uma denúncia referente a essa questão da mala sem nenhuma acusação contra alguém da Rodrimar.”

A empresa assinala que também “soa estranho que um inquérito da década de 1990, já arquivado e no qual ninguém da Rodrimar tenha sido sequer intimado tenha sido usado para esse extemporâneo mandado de prisão”.

“Também é falsa a afirmação apurada em um inquérito da década de 1990 de que tenha havido ‘caixinha’ ou ‘caixa dois’, tanto que o inquérito já foi arquivado por determinação do Supremo Tribunal Federal”.

Sobre o Decreto dos Portos, assinado em 2017 por Temer, a Rodrimar esclareceu que “seus dirigentes atuaram, sim, como representantes e parceiros das entidades setoriais no sentido de ajudar a construir o texto de um decreto”.

“Todas as empresas que atuam nos portos brasileiros participaram ativamente desses esforços.”

O grupo reconhece que “é verdade que algumas das reivindicações do setor foram atendidas pelo governo federal sim, mas boa parte não foi, inclusive a adaptação dos contratos assinados antes de 1993, o que era o principal interesse da Rodrimar, pois o maior de seus contratos correspondente a cerca de 80% do faturamento da empresa, é de 1991”.

“O decreto não beneficiou nenhuma empresa. Ele estabelece critérios que podem vir a permitir a adaptação de 114 contratos de concessão em portos públicos obtidos em processos licitatórios a partir de 1993, entre eles um da Rodrimar, responsável por menos de 10% do faturamento da empresa. As concessionárias tiveram de informar ao governo quanto pretendem investir para adaptar os contratos ao decreto e a decisão cabe agora ao Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil”, ressalta a nota da Rodrimar.

“Não compreendemos qual tipo de benefício ou privilégio a empresa teria recebido do Poder Público se ela teve de recorrer à Justiça para garantir os seus direitos e continuar operando. Reiteramos que a Rodrimar nunca recebeu qualquer privilégio do Poder Público em mais de sete décadas de existência. A companhia sempre atuou com ética, competência e respeito aos seus clientes, colaboradores e parceiros. E assim continuará!”