07/02/2007 - 8:00
![]() | |
“Enxerguei uma oportunidade de rejuvenescer a marca e potencializar o negócio”. Celso Moraes |
Imagine duas toneladas de chocolate. Daria, como sonham muitos ?chocólatras?, para encher uma piscina pequena, se derretido. A fantasia gastronômica, entretanto, fica mais atraente se idealizarmos que a piscina está cheia, não de chocolate comum, mas de Kopenhagen. Os leitores fãs do produto mais nobre do cacau, nesse momento, já devem estar salivando. Não é para menos: duas toneladas é a produção anual recorde da marca mais chique e tradicional de chocolates finos do Brasil. A exatos 60 dias da Páscoa, a melhor época para o setor, a Kopenhagen se prepara para vender como nunca. ?A Semana Santa corresponde a 30% do faturamento do ano?, diz Renata Moraes, vice-presidente da empresa. Há pouco mais de dez anos, ela e o pai, Celso Moraes, compraram a companhia, até então sob o comando da família Kopenhagen, dos fundadores e imigrantes dinamarqueses Anna e David Kopenhagen. Pai e filha tinham pela frente a missão de rejuvenescer uma marca e conseguiram.
![]() | |
Produção: contratação temporária de 428 funcionários para dar conta da demanda. |
Nos últimos cinco anos, a Kopenhagen teve 168% de aumento nas vendas, chegando aos atuais R$ 120 milhões. Na época da venda, a fábrica da empresa ficava em instalações modestas na zona sul de São Paulo e a rede tinha cerca de 100 lojas. Hoje os chocolates são feitos em uma planta moderna, três vezes maior, em Alphaville, próximo à Capital. O número de funcionários passou de 400 para 1,4 mil ? e mais 428 extras foram recrutados para dar conta da produção de Páscoa. A quantidade de lojas passou para 205, das quais 55 são próprias e o restante franquias. ?É fundamental manter um bom número de unidades próprias?, diz Celso Moraes. Essas lojas, explica Renata, servem de “farol” para que as franquias sigam o mesmo padrão. ?Assim, mantemos a essência da marca Kopenhagen, que remete a chocolates diferenciados, feitos quase que artesanalmente?, diz a executiva.
A maneira de fabricar os produtos da grife reflete isso. Apesar da modernização de maquinários e processos, os chocolates continuam seguindo receitas sem gordura vegetal ou conservantes. Passam pela conchagem (mistura do chocolate) por 72 horas. ?É esse processo que garante a cremosidade do produto?, diz Orlando Glingani, gourmet de chocolates da fábrica. Só para comparar, os chocolates comerciais demoram seis horas na conchagem. Os famosos, belgas, dez horas. Baseada nessa mistura do que é novo com o tradicional, a empresa projeta crescer 18% este ano, com a abertura de mais 30 lojas, a maioria franquias. Além de novos produtos, a Kopenhagen aposta na internet. Celso Moraes não revela investimentos nem a data em que o site estará funcionando. ?Demoramos, admito. Mas foi preciso esperar para que pudéssemos desenvolver um produto com maior tempo de vida de estoque, sem usar conservantes?, diz Renata. O próximo passo é continuar a pesquisa para alongar ainda mais o ciclo dos produtos ? atualmente de quatro meses ? de modo a viabilizar a exportação. ?Vamos chegar lá?, diz Renata.
![]() | |
Artesanal: empresa não usa conservantes e a conchagem (acima) leva 72 horas. Nos chocolates comerciais, dura 6 horas. |
Outra arma da Kopenhagen são os lançamentos. Há dois anos, a companhia colocou no mercado o Nhá Benta Maracujá. O doce de chocolate ao leite com recheio de marshmallow, versão tradicional, vendia 500 mil unidades. A nova versão, em seis meses de lançamento, vendeu 2,1 milhões. Impulsionado pela novidade, o giro do doce original passou a 1,1 milhão. Lançamentos regulares, repaginação das lojas e investimento em mídia são as palavras de ordem para Celso Moraes, que se define um apaixonado por marcas fortes. ?Na Kopenhagen, enxerguei uma oportunidade de rejuvenescer uma marca e potencializar o negócio?, afirme ele, ex-proprietário do laboratório Virtus. Em 1996, Celso, que já era conhecido no mercado como um grande comprador de marcas, vendeu o Virtus, que tinha produtos como o Atroveran, o calmante Maracugina e o adoçante Adocyl, e aplicou tudo na nova empresa. ?Quase uma década depois, concluo que estava certo.?
![]() |
![]() |
R$ 20 milhões foi a receita registrada pela fabricante no ano passado |