Quem já saboreou um legítimo chocolate Godiva sabe que se trata de uma guloseima digna da realeza. Mas talvez não tenha idéia do requinte e da minúcia com que cada um daqueles caros bombons (o quilo não sai por menos de US$ 250) são feitos. Por trás de toda a sofisticação do aroma e do sabor está um verdadeiro processo artesanal de luxo. O segredo só é revelado durante uma visita à fábrica em Bruxelas, na Bélgica. A começar pelo criterioso corte da matéria-prima, o cacau. Como um escultor, o artesão molda à mão a pasta de cacau, transformando-a em pequenas barras em formatos de quadrados, que chegam a 2,5 mil toneladas por ano, movimentando algo em torno de US$ 2 bilhões. Depois, o chocolate é misturado aos 128 ingredientes que numa perfeita alquimia formam os mais variados tipos de recheios, como marzipã, caramelo, amêndoas e avelãs, que são importados diretamente da Turquia. Detalhe: nos 80 tipos de bombons Godiva, a palavra artificial não existe. Nenhum dos ingredientes utiliza qualquer tipo de substância industrializada. Apenas as embalagens são feitas com o auxílio de máquinas. Os cuidados vão além. As frutas que enfeitam e recheiam alguns dos chocolates passam por um sofisticado processo de secagem para não perder o frescor de planta recém-colhida. O acabamento também é coisa de artista. A decoração é feita com chocolate branco e café, que são distribuídos por meio de uma fina peneira por cima de cada um dos bombons da famosa grife.

Tudo começou em 1926, num pequeno ateliê da família de confeiteiros Drap, em Bruxelas. Aconselhado pela esposa, Joseph Drap colocou o nome de Godiva na marca de seus produtos. Era uma homenagem à Lady Godiva, que cavalgou nua, há cerca de 900 anos, pelas ruas da pequena Coventry, cidade inglesa próxima a Londres, numa tentativa de interceder junto ao marido, o duque Leofric, a favor dos moradores para que reduzisse os impostos. A idéia dos Drap era ligar a marca de chocolates à elegância e requinte da nobre inglesa. Deu certo. Godiva hoje é sinônimo do que há de mais sofisticado no mundo em termos de chocolate. Atualmente a Godiva pertence à empresa americana de sopas, a Campbel, e tem como principais clientes os países da Europa e o Japão. Cerca de 60% dos seus negócios são concentrados no período de outubro a dezembro, quando o clima frio e as festas de final de ano aumentam o consumo de chocolate.