02/03/2005 - 7:00
Foi veloz. Quando o carro surgiu na tela do cinema a mais de 200 km/h, o paulista Fernando Baptista, restaurador de automóveis antigos, ficou vidrado. A máquina de linhas arrojadas roubou a cena final do filme 60 Segundos, estrelado por Nicholas Cage numa produção do ano 2000. Rapidamente, filme e veículo viraram produtos cult. Cage faz o papel de um ladrão aposentado que, para salvar a vida do irmão, tem de voltar à ativa e roubar 50 automóveis. Para a polícia não descobrir suas ações, ele dá aos bólidos o nome de mulheres. Ferrari, Porsche, marcas de sonhos ? todas no feminino. O destaque é ?Eleonora?, um Mustang mexido e redesenhado especialmente para Hollywood. ?Quando o vi, decidi fazer outro igual?, diz Baptista. E assim foi feito.
É um pequeno fenômeno de interesse, um desses movimentos comuns nos Estados Unidos mas raros no Brasil. Baptista fabrica exemplares iguais ao do cinema e os vende a peso de ouro. O preço da Eleonora do brasileiro: de R$ 100 mil a R$ 400 mil. Cabe ressaltar que este é o valor só da transformação. O carro custa outros R$ 100 mil. É, portanto, brinquedo de gente grande. Para transformar o sonho em realidade, Baptista fez minuciosa pesquisa. Descobriu que o pai de Eleonora da tela grande era o designer americano Chip Foose. Sobre um Mustang Fastback GT 500, de 1967 ou 1968, desenhado pelo lendário Carol Shelby, ele havia incrementado a frente, a traseira e outros detalhes estilísticos. O carro virou febre entre os endinheirados americanos e começou a ser fabricado de forma artesanal. Baptista garimpou peças nos EUA, trouxe o pacote para o Brasil e construiu seu próprio protótipo. Hoje, já existe um kit pronto para acoplar ao automóvel. Soa simples mas é trabalho meticuloso. ?Trazemos o kit e se o cliente quiser podemos fazer um motor muito potente?, diz Baptista. E esta é a diversão. O veículo é como um cavalo selvagem, indomável, difícil de controlar. Com motor V8, de 400 cavalos de potência, é hoje uma preciosidade exclusiva. Existem pouco mais de 100 unidades no mundo inteiro. ?Acelerar esse carro é fantástico?, diz Juan Fontana, dono do restaurante El Tranvia, em São Paulo, que encomendou um Eleonora. ?O barulho do motor é lindo.? 
