08/08/2012 - 21:00
Você já se sentou em uma Ferrari alguma vez na vida? Pode ser que diretamente no carro não, mas em um sofá da empresa que fabrica os bancos dos supercarros da marca, talvez. A centenária marca italiana de mobiliário de alto padrão é um ícone no mundo do design, assim como a Ferrari é um símbolo de sofisticação e esportividade sobre quatro rodas. Fundada em 1912, a Frau aposta no crescimento do mercado do luxo brasileiro para acelerar suas vendas e garantir um bom desempenho em seu faturamento global, que chegou a € 267,7 milhões no ano passado, crescimento modesto de 3% sobre 2010, motivo suficiente para justificar o interesse no País.
Fabrizio Tinti, diretor do Grupo Frau: “O Brasil passou a ser prioridade para nós”.
“O Brasil passou a ser uma prioridade para nós”, afirma o italiano Fabrizio Tinti, diretor da América Latina do Grupo Frau. Cifras à parte, o diferencial da grife de mobiliário não está apenas nas linhas clássicas de suas peças, mas também no material usado. Segundo Tinti, a Poltrona Frau trabalha apenas com as matérias-primas mais selecionadas. Tanto que a Ferrari escolheu a marca para revestir com couro o estofado de seus cobiçados automóveis. “Temos um laboratório de pesquisa e teste que nem os EUA possuem”, diz Tinti, com um português carregado de sotaque italiano. E a Ferrari é apenas mais uma entre seus clientes, como a italiana Maserati, a alemã Mercedes-Benz e a franco-italiana Bugatti.
A reputação da marca no universo do mobiliário de luxo será uma importante ferramenta da empresa em sua estratégia no País. “Podemos comparar a Frau a uma garrafa de Coca-Cola”, diz Jéthero Miranda, coordenador do curso de design de interiores do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. “Quando pensamos em refrigerante, a Coca-Cola é a primeira imagem que vem à mente. O mesmo acontece com as peças da Frau quando pensamos em móveis.” A produção artesanal é outro item que agrega valor aos produtos da marca. “O Brasil ainda não tem muita clareza sobre o que é uma costura perfeita”, afirma Miranda.
“Mas quando a gente vê o acabamento da Poltrona Frau fica óbvio que aquilo é um material de alto padrão.” Mas a tradição e a qualidade têm um preço: a peça mais cara em São Paulo custa R$ 60 mil. “Ainda temos peças bem mais caras”, afirma Tinti. O preço, de fato, não deve ser o ponto forte da marca. A operação local esconde a sete chaves os valores das peças em exposição no País. Os interessados só saberão quanto custa ao visitar o showroom da marca. Mas isso não é um problema. Várias redes de varejo, como a americana Switch Modern, colocam na internet os produtos e os preços – e a compra pode ser feita pelo site.
Com mais de 20 lojas próprias espalhadas pela Europa, Ásia e EUA, a grife italiana veio para o Brasil por meio de lojas multimarcas no final dos anos 1990. No ano passado, seus produtos começaram a ser vendidos com exclusividade na Poltrona Frau e Cassina na avenida Europa, em São Paulo, pelas mãos dos empresários Sandra e Helio Bork, donos do grupo Montenapoleone. “Em 2011, tivemos um aumento de 10% nas vendas no Brasil, e isso é só o começo”, diz Tinti. Para Miranda, o negócio tem tudo para dar certo. “Nós, como todos os outros, vivemos uma crise do contemporâneo”, afirma. “Já que não sabemos o que vai acontecer com o futuro do design, voltamos ao clássico com a certeza de que é um bom produto.”