11/08/2004 - 7:00
No ano passado, os brasileiros compraram 8 milhões de filmes em DVD. Este ano estima-se que comprarão 12 milhões. O Brasil é talvez o mercado que mais cresce no mundo, superando, inclusive, os escandinavos, que têm seis meses de inverno rigoroso por ano. No ano passado, o mercado de títulos de DVD movimentou no Brasil cerca de R$ 550 milhões, sem incluir shows musicais e produções pornô, que respondem por 25% das vendas. Este ano, a arrecadação pode chegar a R$ 800 milhões. Nada, nem mesmo na explosiva indústria de entretenimento, consegue fazer sombra a esse desempenho. Ele é simplesmente espantoso. Com o lançamento dos aparelhos de DVD, em meados de 1998, os brasileiros descobriram algo que americanos e europeus já tinham descoberto na Era VHS ? o prazer de comprar e colecionar títulos. A partir daí inventou-se uma indústria que hoje emprega 70 mil pessoas e para a qual o céu é o limite, até porque a venda de aparelhos de DVD, que poderia limitar a demanda pelos filmes, não dá sinal de arrefecer. No final do ano passado, havia no País 4,2 milhões de leitores de DVDs. Este ano eles deverão chegar a 6 milhões. Quando se imagina que há no País um parque de 22 milhões de videocassetes, e que cada um deles tende a dar lugar a um usuário de DVD, é fácil perceber o enorme terreno para o crescimento da indústria ? sobretudo porque os preços dos aparelhos chegaram a R$ 300 e não param de cair. ?O potencial do Brasil é imenso, absurdo?, resume Dilson Santos, o homem da distribuidora Fox responsável pela América Latina, que detém 24% do mercado brasileiro. ?Não é por outro motivo que, nos últimos anos, todas as grandes distribuidoras se instalaram no País.? A venda de DVD já representa 60% da receita da empresa no Brasil, contra 40% da venda de ingressos de cinema.
Em termos quantitativos, o Brasil já é o oitavo mercado do mundo para o varejo de filmes em DVD. Ultrapassou o México no ano passado, empatou com a Espanha e avança. Esse sucesso, em boa medida, deve-se aos preços praticados no Brasil. ?Temos os DVDs mais baratos do mundo?, afirma Oceano de Mello, fundador da distribuidora Versátil, especializada em filmes de arte. Aqui, filmes e shows são lançados com preço em torno de R$ 40, enquanto na Europa eles custam o equivalente a R$ 100 e nos EUA algo próximo de R$ 75. Mesmo a diferença de poder aquisitivo entre brasileiros e consumidores do primeiro mundo não tem sido capaz de esfriar a demanda. No ano passado, foram lançados no País 519 títulos. Filmes como A Paixão de Cristo, da Fox ? que sairá em DVD nos próximos dias ? tem um potencial de venda que o mercado avalia em até 300 mil cópias. Já O Leopardo, da Versátil, uma obra-prima do diretor italiano Luchino Visconti, é um sucesso, tendo vendido, no lançamento, quatro mil cópias. As distribuidoras americanas detêm 90% do mercado, mas, mantidas as proporções, há espaço para todos ? pelo menos enquanto as vendas crescerem como estão crescendo.
?Duplicamos nossa área de venda porque a demanda está aumentando muito rápido?, diz João Diniz, diretor da Fnac. Com seis mil títulos na prateleira, a cadeia francesa faz com os DVDs mais de um terço do seu faturamento de música e vídeo. A Fnac é uma das maiores vendedoras do Brasil, embora a liderança nesse segmento, como em quase tudo, esteja com os hipermercados e magazines. A força desses varejistas, aliás, demonstra acima de tudo que o hábito de colecionar filmes não está mais restrito às classes A e B. Prenuncia-se um final cada vez mais feliz à aventura do DVD no Brasil.