A briga promete esquentar: o HSBC é o mais novo banco a montar uma financeira no País. Com o nome provisório de Creditotal, a nova empresa começa de maneira modesta, mas com planos ambiciosos. A partir de junho, os ingleses vão abrir três lojas em São Paulo. Os primeiros seis meses de atividade servirão como um laboratório, para testar o mercado e preparar o terreno para a expansão em 2004. Se tudo der certo, o HSBC montará uma das maiores redes do País, com 100 a 120 pontos de atendimento. ?Nosso objetivo é ficar entre os líderes?, diz José Reinaldo Moreira Tosi, diretor de financiamento ao consumidor.

Há três motivos para levar a sério os planos do HSBC: no mês passado, a matriz pagou US$ 14 bilhões pela Household, a maior financeira dos EUA. Foi o primeiro passo para montar uma rede internacional. A segunda razão não é comentada pelos executivos. Mas sabe-se que o banco tem um interesse antigo no setor. Há dois anos, quase comprou uma das líderes de mercado, a Losango, mas não houve acordo sobre o preço. Outro sinal foi a contratação de José Tosi, ex-presidente da Fininvest, para montar a financeira.

A nova empresa será voltada para um público diferente da clientela do banco. Na Creditotal, o alvo serão pessoas das classes C e D, com renda entre R$ 250,00 e R$ 1,200 por mês. A princípio, as lojas ficarão ao lado das agências. A idéia é aproveitar o movimento de pessoas que usam os serviços do banco, mas não têm conta corrente e querem empréstimos. Num segundo momento, as lojas serão abertas em pontos de grande movimento, como a vizinhança de rodoviárias. ?É o consumo popular que mais vai crescer com a retomada da economia?, diz Celso Luis Fernandes, diretor de financiamento ao consumidor.

A exemplo do HSBC, outros bancos querem aproveitar essa tendência. Há dois meses, o Citibank criou uma financeira. O Bradesco montou a Finasa, ao unir as operações de bancos que comprou e a carteira de financiamentos da Ford. No Itaú, o reforço veio com a compra do BBA, dono da Finaustria. ?Os bancos sabem que os juros pagos pelo governo vão cair e apostam nas financeiras?, diz Miguel de Oliveira, da Anefac (associação de executivos de finanças).

Pelas contas de Tosi, as financeiras crescem cinco vezes mais rápido do que a economia. Quando o País vai bem, as pessoas pegam financiamentos para comprar de roupas a carros. Em tempos de crise, pegam empréstimo para tapar buracos no orçamento. Como já estão endividados, a inadimplência é alta. Mesmo assim, as financeiras não perdem dinheiro porque cobram os juros mais altos do país, 298% ao ano. Há uma aposta entre os bancos que a inadimplência elevada levará ao fechamento de pequenas financeiras. Para Ricardo Malcom, presidente da Acrefi, que representa as financeiras, não há esse risco. ?As financeiras são apoiadas por gupos sólidos?, diz. ?Com os bancos, vão ficar ainda mais profissionalizadas.?