12/04/2006 - 7:00
Existem dois tipos de competidores no automobilismo. Na frente estão as equipes com bons carros, guiados por pilotos de ponta. Na rabeira vêm aquelas cuja ambição é cruzar a linha de chegada. Na indústria farmacêutica também existem dois pelotões. E o Grupo Cimed, fundado em 1976, cansou de ser coadjuvante. Em três anos, o grupo dobrou de tamanho para R$ 200 milhões. Cresceu 42% em 2005 e quer repetir a dose neste ano. Quem pilota a Cimed é João Adibe. Campeão do Trofeo Maserati, ele levou para a empresa da família os mandamentos das pistas: explorar os pontos fracos dos adversários e não ter medo de mudar de estratégia no meio da corrida.
Trofeo Maserati, ele levou para a empresa da família os mandamentos das pistas: explorar os pontos fracos dos adversários e não ter medo de mudar de estratégia no meio da corrida. Foi dele a decisão de reforçar a aposta nos genéricos, setor no qual atuava timidamente. Além disso, Adibe quer fazer da Cimed uma grife de prestígio. Até 2004, o único atrativo era o preço baixo cobrado por seus remédios similares. São drogas que copiam fórmulas famosas mas não substituem o item prescrito pelo médico (ao contrário dos genéricos), pois não passam por testes de bioequivalência exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). E esse modelo de negócio dava sinais de saturação.
Agora, Adibe espera abocanhar parte dos US$ 692,5 milhões movimentados pelos genéricos, um nicho que cresce 20% ao ano no Brasil. A decisão levou em conta outro fator: até 2015 vence a patente de medicamentos que rendem globalmente US$ 19 bilhões. Com isso, remédios como os usados no tratamento da disfunção erétil poderão ter suas versões genéricas. É por isso que a Cimed vai investir R$ 30 milhões. Parte será usada no aumento da capacidade produtiva. De suas duas fábricas saem 60 milhões de caixas de medicamentos por ano, divididos em 200 produtos. Doze itens são genéricos e a meta é adicionar outros 28. O foco são os remédios de uso contínuo, como os hipertensivos. ?Eles geram um bom retorno porque são consumidos por longos períodos?, explica.
A vantagem competitiva do laboratório é a infra-estrutura. A Cimed possui um centro de pesquisas, onde realiza os testes de qualidade exigidos pela Anvisa. Os concorrentes pagam por esse serviço. Tem sete centros de distribuição e um exército de 400 representantes que fazem a venda direta às farmácias. Exceção em um setor no qual a tradição é utilizar distribuidores como intermediários. Com isso, a Cimed vende por valores 40% abaixo da concorrência. Mas Adibe sabe que é preciso algo mais que preço baixo para crescer. Foi por isso que ele decidiu apostar no marketing esportivo. As cores da Cimed também estão na camiseta de um time de voleibol. O esporte vai consumir R$ 5 milhões em 2006. A maior fatia irá para a equipe Action Power da Stock Car. Adibe segue os passos do líder em genéricos, o laboratório Medley, de Alexandre Negrão. Em 2005, a equipe Medley bateu a Action Power. Agora, Adibe quer dar o troco nas pistas e na prateleira das farmácias.