Depois de amargar o posto de pior investimento do ano em 2011, a bolsa de valores começou 2012 a todo vapor. A fórmula do ganho é a queda da taxa de juros, que diminui a rentabilidade das aplicações de renda fixa e empurra os investidores para o mercado de ações. Somente até 26 de janeiro, o índice Ibovespa subiu 11%, para 61.926 pontos. Segundo alguns analistas, o potencial de valorização é de 26% no ano, levando o Ibovespa para cerca de 72.000 pontos, pois o impacto negativo do cenário internacional sobre as ações já está se dissipando. 

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Nicolas Fischer, presidente da divisão de consumo da Hypermarcas.

“Os problemas na Europa já causaram o que podiam no preço das ações”, diz Michel Araújo, professor de finanças do Insper. “Agora, a tendência são os credores privados entrarem em acordo com os governos europeus e o mercado voltar a subir”, afirma. Outra explicação para o fôlego renovado foi o retorno dos investidores internacionais, que injetaram R$ 5,5 bilhões no mercado até o dia 23 de janeiro. Nesse cenário, as ações que mais subiram foram as vinculadas aos setores de consumo, especialmente varejo e tecidos (veja quadro). 

Um dos destaques foram os papéis da Hypermarcas, que avançaram 28,6% até o dia 26 de janeiro. Essas ações caíram muito nos últimos meses. O que preocupa os investidores é o endividamento elevado da empresa, que captou dinheiro para custear uma política agressiva de aquisições. Os preços vêm se recuperando, e a contratação de Nicolas Fischer para comandar a divisão de varejo da empresa proporcionou um fôlego extra. Fischer teve um desempenho brilhante à frente da subsidiária brasileira da Nivea, e a expectativa do mercado é de que ele repita essa performance na Hypermarcas. 

 

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O consumo não é a única aposta a ser considerada. Para Araújo, os investidores devem ficar de olho em mineração, siderurgia e petróleo. “Boas empresas viram seus papéis cair absurdamente em 2011 e agora os preços devem se ajustar”, afirma. Já o analista Luiz Roberto Monteiro, da Renascença Corretora, credita a alta de janeiro ao aumento do fluxo de capital estrangeiro. “Janeiro tem sido um bom mês para as ações, mas o dinheiro dos investidores vai embora a qualquer susto no cenário externo”, diz. “É preciso aguardar mais um pouco antes de traçar novas metas para as empresas listadas.” 

 

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