US$ 1 bilhão no bolso. Foi com esse arsenal que a holandesa TNT, especializada em logística, entregas expressas e correio, partiu para cima de concorrentes na Europa e Estados Unidos ao longo do ano passado. Tudo para tocar agora uma estratégia vital para seu futuro: ser uma das maiores companhias do mundo em entregas corporativas, participando de todas as etapas da engenharia de distribuição ? do planejamento à execução. A TNT vai no caminho inverso da norte-americana FedEx, que se especializou em pequenas encomendas. Só para se ter uma idéia, em 1999 a logística representava apenas 18% do faturamento mundial de US$ 7,8 bilhões da TPG ? holding que controla a TNT. Em 2000, com a compra das francesas Mendy e Barlantier, da inglesa Taylor Barnard e da norte-americana CTI, o porcentual deve ter saltado para cerca de 25%. ?O balanço do ano passado ainda não foi fechado, daí a imprecisão. Mas no futuro nosso principal negócio será logística?, afirmou à DINHEIRO o italiano Roberto Rossi, diretor mundial para essa área. No final de fevereiro, ele esteve no Brasil justamente para discutir os novos passos da empresa. Entre os mais importantes está o que se pode chamar de segunda geração de logística ? prática que vem ganhando força no meio automobilístico. A TNT se encarrega não apenas da entrega de peças para montadoras, como também da própria montagem. A Ford é a primeira a ter esse serviço, na unidade de São Bernardo, no ABC paulista, onde painéis de caminhões são montados pela TNT desde janeiro. Outras montadoras estão na mira.

O pacotão mundial de aquisições da TNT vai ajudar a filial brasileira. Uma das presas, a CTI, já tinha negócios por aqui e na Argentina. O faturamento irá crescer muito mais. Há anos, empresas como a Fiat, General Motors e Volkswagen/Audi têm sido atendidas pela companhia e, naturalmente, estão na lista de futuros planos da multinacional holandesa. ?Com todo um novo parque automotivo concentrado no Brasil, é natural darmos prioridade à logística para montadoras?, ressalta Rossi. A companhia vai inaugurar neste mês um novo centro de distribuição de 12 mil metros quadrados em Diadema, no ABC paulista, a fim de suprir as necessidades de clientes do ramo. Até agora os armazéns ficavam apenas em Betim, em Minas Gerais, criados exclusivamente para atender a Fiat, seu primeiro cliente no Brasil.

Expansão agora é uma espécie de palavra de ordem. ?Além do setor automotivo, a TNT vai se concentrar também na logística de entrega de pneus para revendedoras, de produtos eletroeletrônicos e farmacêuticos?, ressalta Rossi. A expectativa é que todo esse novo esforço aumente o faturamento da filial. Somente com a aquisição da CTI, a receita por aqui deve saltar dos R$ 120 milhões de 2000 para R$ 180 milhões neste ano. É bem verdade que o valor ainda é pequeno para os padrões da multinacional. Mas o que conta, segundo Rossi, é o potencial da subsidiária. ?Muitas empresas brasileiras ainda nem contratam serviços de logística para economizar nos custos.? O que, segundo o executivo, resulta em perda de agilidade.