A AGF Brasil, seguradora que até meados do ano passado era vista como patinho feio do setor, surgiu como destaque do ramo de seguros para automóveis no balanço da primeira metade de 2005, feito com dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Entre os 10 maiores grupos que atuam neste mercado, a subsidiária da alemã Allianz foi a que mais cresceu no período analisado, entre janeiro e maio. Sua receita em prêmios atingiu R$ 204 milhões ? alta de 55% em relação ao mesmo período de 2004, ante uma média de 19% registrada no segmento. Com isso, a companhia tomou mercado das concorrentes e passou a deter 3,54% do mais pulverizado dos ramos de seguro no País. ?Começamos o ano em décimo lugar no ranking de automóveis e já estamos ocupando a oitava posição?, comemora Max Thiermann, presidente da seguradora. O segredo? Há vários deles, mas o mais decisivo talvez seja o foco na cobertura de frotas de veículos, que representa 12% da sua área de automóveis e compreende um universo de 40 mil carros em todo o território nacional.

?O seguro para frotas é o filé mignon do mercado de veículos. Há menos fraude, os carros são mais novos e os custos operacionais são menores, já que uma única apólice pode cobrir milhares de veículos?, explica Leopoldo Guimarães Barros, sócio da LBarros Desenvolvimento Empresarial. Pelos cálculos de outro consultor, Francisco Galiza, da Rating de Seguros, o seguro para frotas responde por cerca de 15% do faturamento total do ramo de automóveis no Brasil ? R$ 865 milhões nos primeiros cinco meses deste ano.

O ramo de automóveis é o maior dentro da AGF e responde por 35% do faturamento da empresa. Em março de 2004, porém, quando Thiermann assumiu o comando da companhia, a cobertura de veículos aparecia em vermelho no balanço da seguradora. Uma revisão no sistema de cálculo do valor das apólices, que passou a considerar os locais de residência e trabalho do segurado, e o bom desempenho no segmento de frotas, que corresponde a 12% da sua carteira de veículos, mudou este cenário. A expansão registrada pela unidade chamada AGF Frotas até maio foi de 30%. Neste período, a seguradora comemorou a renovação de duas de suas principais contas do gênero, das indústrias farmacêuticas Schering e Novartis ? com uma mãozinha providencial da matriz. ?Estas empresas já fazem seus pacotes de seguros, na Alemanha e na Suíça, com a AGF?, observa Luiz Roberto Castiglione, consultor especializado neste mercado.

A disputa por consumidores de seguro de automóveis vem se intensificando nos últimos anos e deve acirrar-se com a recente entrada no mercado de dois grupos estrangeiros de peso: a japonesa Tokio Marine, que comprou a Real Seguros, e a alemã HDI, agora dona da carteira de veículos do HSBC. Mesmo assim ? ou talvez por isso mesmo ? Thiermann tomou no ano passado a iniciativa de reduzir em 20% a quantidade de carros segurados pela AGF. A lógica é de que não adianta ter uma carteira numerosa se a rentabilidade é baixa ? ou oferece prejuízo, como era o caso. Com a medida, a freqüência de sinistros (ocorrências que demandam pagamento de indenização, como roubo ou colizão) caiu de 81% em 2003 (10 pontos percentuais acima da média do mercado) para 69%. Eliminada a parcela indesejável da carteira, a AGF tratou de realimentá-la. Nos primeiros cinco meses deste ano, o número de veículos segurados subiu de 360 mil para 420 mil. ?Temos de nos reinventar o tempo todo?, afirma Thiermann. ?A concorrência é agressiva.?