A primeira mulher a comandar a maior empresa do País não dá ouvidos às vozes do mercado que cobram foco total na produção de petróleo. Para ela, é estratégico garantir um mercado consumidor de combustíveis com preços estáveis – já que a gasolina tem exigido importação crescente. Sua meta é tornar a companhia que tem petróleo no nome, a Petrobras, também líder na produção de etanol. “Por razões econômicas, nós vamos ampliar nossa participação em etanol, mas não será num estalo de dedos”, declarou a engenheira química Maria das Graças Silva Foster, que assumiu a presidência da estatal na segunda-feira 13, em cerimônia realizada em sua sede, na região central do Rio de Janeiro, com a presença de sete governadores, 11 ministros e da presidenta Dilma Rousseff. 

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Graça Foster, presidente da Petrobras, que recebeu o crachá nº 1 de Gabrielli (à dir.).

“Nós levaremos até uns cinco anos para alcançar a posição número 1 nesse mercado.” A mineira Graça substitui o baiano José Sérgio Gabrielli, que permaneceu sete anos na direção da empresa na qual ela ingressou como estagiária em 1978. A Petrobras tem participação em três empresas de biocombustíveis: a Guarani, em São Paulo, a Nova Fronteira, em Goiás, e a Total, em Minas Gerais, e já negocia novas aquisições. A capacidade total das nove usinas que contam com a participação acionária da Petrobras é de 1,3 bilhão de litros por ano, bem atrás da Raízen (2,2 bilhões) e da ETH (2 bilhões). O atual Plano de Negócios da empresa prevê quase US$ 2 bilhões de investimento para a produção de etanol até 2015 – e Graça não dá sinais de que não pretende cumprir os objetivos. 

Ao contrário: é justamente por atingir metas dentro dos prazos que a  ex-diretora de gás da Petrobras, nascida em Caratinga, pequena cidade na Zona da Mata, foi escolhida pela presidenta Dilma Rousseff para o cargo. As duas se conheceram em 2002, no período de transição entre os governos Fernando Henrique e Lula. “Eu conheço bem a capacidade de trabalho, a competência e a seriedade com que ela se dedica não só a esta empresa como a tudo que fez e faz na sua vida profissional”, disse a presidenta na cerimônia de posse. A própria Graça não esconde seu estilo exigente e cumpridor de tarefas. “O meu perfil é de gestão, de execução”, afirma a engenheira, encarregada de executar o plano de investimento de US$ 224,7 bilhões da Petrobras até 2015, recursos que em sua maior parte serão canalizados para a exploração da camada do pré-sal e para a construção de quatro refinarias. 

 

A nova presidente deu seu recado, marcando posição diante de um tema polêmico, ao avisar que será intransigente em relação à exigência de 65% de conteúdo nacional nas 26 sondas de perfuração que foram encomendadas recentemente pela empresa. Quanto à eficiência, Graça acredita que logo os fornecedores nacionais se igualarão aos chineses e coreanos, já que o volume dos investimentos previstos garante a escala necessária para o aprimoramento das indústrias de bens e serviços no Brasil. “Não é uma discussão nacionalista”, afirma Graça. “É uma discussão técnica. Tudo tem um tempo certo.” Agora, como disse a presidenta Dilma ao encerrar seu discurso, é tudo contigo, Graciosa.

 

US$ 224,71 BI - é o que a estatal investirá até 2015