As empresas de tecnologia de informação e os call centers simbolizam hoje a Índia globalizada. São os principais ingredientes do combustível da pujante economia indiana, que cresce 6% ao ano há mais de duas décadas. Mas o país não se limita a ser o ?escritório do mundo?. Quarta maior produtora de medicamentos do planeta, a Índia quer ser também a ?farmácia global?. Afinal, o mercado farmacêutico movimenta mais de US$ 500 bilhões no mundo. De olho nessa mina de ouro, as farmacêuticas da Índia promovem uma epidemia de parcerias e aquisições: desde janeiro de 2005 elas desembolsaram US$ 1,3 bilhão para adquirir mais de 30 companhias internacionais. O Brasil ? com um mercado de US$ 8 bilhões no setor ? está na mira.

A Dr. Reddy?s Laboratories, segunda maior farmacêutica indiana em operação no mundo (a primeira é a Ranbaxy), escolheu o Brasil como um dos principais bunkers para seu projeto de globalização. ?O Brasil é o coração de nossas operações na América Latina, prioritária para a nossa expansão?, afirmou o engenheiro químico e diretor de operações da empresa Satish Reddy, em entrevista à DINHEIRO, em seu escritório na sede da empresa, na cidade de Hyderabad, no Sudeste da Índia.

A empresa produz e comercializa substâncias ativas vendidas a granel, remédios de marca, genéricos, medicamentos biológicos, e ainda investe pesado em sofisticadas pesquisas para criar novas drogas. Seu foco são medicamentos contra diabetes, doenças cardiovasculares, inflamações, infecções bacterianas e câncer.

O executivo que os indianos contrataram para liderar a expansão na América Latina foi o médico Wellington Briques, 46 anos, com 15 anos de experiência em Laboratórios no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. ?Nossa meta é ficar entre as 20 maiores do Brasil até 2012. Já começamos a fechar parcerias. Assinamos contrato com uma empresa brasileira que vamos anunciar brevemente. E estamos abertos a aquisições?, disse o gerente geral da subsidiária brasileira, que assumiu em janeiro.

A Dr Reddy?s atua no Brasil desde 1999, mas hibernava devido à concorrência dos genéricos. No ano passado, ela faturou US$ 640 mil com a venda de remédios de marca e em três anos investiu US$ 8 milhões no Brasil. ?Agora é que os investimento vão começar a vir?, avisou o executivo brasileiro, sem detalhar cifras. Em dois meses Briques conseguiu passar de duas para quatro marcas de remédios vendidos no país. São oncológicos, para tratamento de câncer de mama, próstata, pulmão e intestino: Pamired (Pamidronato dissódico), Paclired (Paclitaxel), Irnocam (Irinotecan) e Granomax (filgrastima).

A empresa ? que opera em 100 países – faturou US$ 446 milhões em 2005. A meta é chegar aos US$ 1 bilhão em 2008. Foi a primeira farmacêutica asiática (com exceção das japonesas) a ter ações na Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 2001. Com 6 mil funcionários, dos quais 1.100 são cientistas, a empresa segue a tendência de outras conterrâneas: tem atraído de volta seus cérebros que estavam nos Estados Unidos e na Europa. ?As empresas que não investirem no desenvolvimento de novos medicamentos não conseguirão se expandir no mundo. O mais importante é nos estabelecermos no mercado global como uma empresa de inovação?, concluiu Satish Reddy.

A Dr. Reddy?s foi contaminada pela febre das aquisições de das farmacêuticas indianas. Já tinha comprado a britânica BMS Laboratories por US$ 12 milhões, a americana Trigenesis por US$ 11 milhões, a unidade da Roche mexicana por US$ 59 milhões, e em março fechou a maior compra de todas: a Betapharma, quarta maior produtora de medicamentos genéricos da Alemanha, por US$ 570 milhões. Um dos arquitetos da globalização da empresa, o vice-presidente G.V. Prasad – formado em Engenharia Química pelo Instituto Tecnológico de Illinois, de Chicago ? avisa que a Dr. Reddy?s não vai poupar esforço, nem dinheiro para atingir sua meta: ?No ano passado investimos em todo mundo US$ 700 milhões em aquisições e pesquisa. E vamos continuar investindo?.

US$ 70 milhões foi quanto a companhia investiu em pesquisa em todo o mundo no ano passado

Pílulas

US$ 446 milhões de faturamento mundial

1,1 mil cientistas

US$ 640 mil em vendas no Brasil