A Grapette nunca chegou a ser uma Coca-Cola, mas teve seus momentos de glória no mercado brasileiro de refrigerantes, entre os anos 1960 e 1990, tornando-se conhecida por suas garrafas retorcidas e, sobretudo, pelo slogan “Quem bebe Grapette, repete Grapette”, que colava como se fosse chicletes na mente dos consumidores. Adquirida em 1989, pela Pakera, fabricante de bebidas do Rio de Janeiro, controlada pelo empresário Cláudio Ferreira Rodrigues, a marca caiu no ostracismo, passando a disputar espaço com as chamadas “tubaínas” nos pontos de venda. Na verdade, para muita gente, principalmente de fora do Grande Rio, a Grapette aparentava ter sumido do mapa. 

Pois a Grapette não morreu. Mais do que isso, agora sob o comando do administrador de empresas Claudio Rodrigues, filho do dono da Pakera, a Grapette quer voltar a brilhar, deixando de ser uma bebida de segunda linha e conquistar a preferência dos consumidores mais exigentes. “Não havia um viés de marca, o que fez com que o  produto ficasse refém de uma política baseada apenas em volumes de produção, sem preocupação com conquistar novos canais de venda”, afirma. “Agora, o objetivo  é abrir espaço em restaurantes, bares, mercearias e supermercados de primeira linha”, diz Cláudio.

Para isso, a Grapette passou a ser administrada pela LovBev, gestora de marcas criada por ele, no  ano passado, que tem como sócia a paulista Soborama, fabricante do concentrado utilizado no refrigerante. Até aqui, a LovBev investiu R$ 1 milhão em estudos de mercado,  reposicionamento da marca e redesenho de embalagens. “Trata-se de um ícone entre os refrigerantes brasileiros, que continua na memória de um grande número de consumidores”, afirma.

Segundo ele, o velho slogan será retomado, assim como as antigas garrafas utilizadas no envasamento do refrigerante sabor framboesa, que será relançado com o nome de Grapette Classic, e oferecido também em garrafas pet de dois litros e em latas de 350ml, neste primeiro semestre. “A lata de 350ml é mais valorizada, permite o acesso a lugares mais sofisticados em que as embalagens pet não entram e tem o tamanho no qual os cariocas da Zona Sul gostam de consumir”, diz.     

A ideia do dono da LovBev é transformar a marca Grapette numa espécie de guarda-chuva para outras linhas de produtos, como nectars e sucos integrais. “Vamos aproveitar a tendência de valorização das bebidas saudáveis, com produtos confiáveis e de qualidade”,diz. Todas as bebidas da LovBev ( está previsto, ainda, o lançamento de uma linha própria de refrescos, o LovFrut) são engarrafadas  na fábrica da Pakera, localizada em Pau Grande, onde nasceu Mané Garricha, o craque da seleção brasileira nas Copas de 1958 e 1962.

Com um faturamento anual estimado em R$ 50 milhões, a LovBev pretende  aumentar de 40 mil para 60 mil o número de pontos de venda da Grapette, cujo reposicionamento de marca ficará restrito ao Rio de Janeiro, numa primeira etapa. “Posteriormente, o modelo poderá ser estendido aos franqueados de outros Estados, como São Paulo, Goiás, Paraíba e Ceará”, afirma Cláudio.

Num outro front, a LovBev acaba de firmar uma parceria com os ex-lutadores de MMA, os gêmeos Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro, para o lançamento de uma versão não calórica  do energético Minotauro Energy Drink. “Em geral, energéticos são associados à baladas”, diz. “A versão zero será destinadas à academias de ginástica.”  A nova bebida, começa com uma clientela cativa: a rede de 30 academias da dupla de fortões espalhadas pelo País.