21/05/2010 - 6:00
A montadora Volkswagen está para lançar seu novo modelo de picape, batizado de Amarok. O lugar escolhido para marcar a chegada do possante ao mercado brasileiro não foi um evento do setor automotivo, mas sim uma exposição de arquitetura e decoração. A Brastemp fará o mesmo para lançar sua linha de fogões e a Deca para a sua coleção de chuveiros.
Ugo di Pace: o arquiteto italiano levará um projeto de casa-pátio feito de materiais sustentáveis e com um espelho d’água que reflete o interior e o exterior
A explicação é simples: há tempos a Casa Cor, o local escolhido por marcas consagradas para apresentar os lançamentos, superou o patamar de evento de decoração para ser uma belíssima vitrine de tendências. E, por que não, também um palco para a realização de bons negócios, unindo decoradores, empresas do setor de construção ou simplesmente marcas que queiram ter o seu nome associado a esta que já virou uma grife.
?A Casa Cor tem um potencial tremendo?, diz Eduardo Tomiya, diretor da consultoria BrandAnalytics. ?Ao ter seu nome associado ao design de qualidade, a mostra conseguiu endossar submarcas, fazer negócios com outras empresas que queiram expor seus produtos e, ainda, abrir franquias em outras cidades.?
Angelo Derenze: o presidente do evento aposta em franquias
e na criação de outros eventos de decoração segmentados
Para a 23ª edição da Casa Cor, que vai de 25 de maio a 13 de julho, no Jockey Club de São Paulo, são esperados mais de 160 mil visitantes ? 20 mil a mais do que em 2009. O homenageado desta edição é o arquiteto Lucio Costa (1902-1998), um dos profissionais que participaram da elaboração do projeto para a cidade de Brasília, que está completando 50 anos.
?A Casa Cor cresceu muito nos últimos anos. Decoração é um assunto cada vez mais presente na vida das pessoas?, aponta Angelo Derenze, presidente do evento. Tanto é assim que a Casa Cor abriu franquias e atualmente é realizada em 15 capitais brasileiras e em dois outros países: Peru e Panamá. E ainda pretende expandir para Chile e Uruguai.
As cidades mais recentes a entrar no grupo foram Florianópolis e Manaus. Para o ano que vem, está prevista a realização da primeira Casa Cor em São Luís do Maranhão. Em cada localidade onde é montada, a mostra possui uma equipe local, que se ocupa de sua organização. Apesar das franquias, a edição paulistana segue como o maior evento de arquitetura e decoração das Américas e o segundo maior do mundo ? perde apenas para o Salão Internacional de Móveis de Milão.
Somente em São Paulo, são 500 empresas envolvidas, entre fabricantes e lojistas. A cidade também abriga o evento Casa Trio, que inclui as subdivisões: Casa Boa Mesa, Office e Entretenimento. Estima-se que apenas a Casa Cor movimente R$ 170 milhões, de acordo com a São Paulo Turismo. No Brasil todo, o evento, com suas franquias, envolve mais de três mil empresas do setor.
Fernanda Marques: seu projeto, batizado de Lounge de Inverno, tem 207 metros quadrados e possui
uma estrutura coberta por vegetação, que desce do teto e se transforma em balcão e bar
Além da expansão física, o conceito inicial da Casa Cor também evoluiu. No ano passado, foram criados dois desdobramentos, que são armados no mesmo local e data: a Casa Hotel e a Casa Kids, para abrigar projetos de hotelaria e para o universo infantil, respectivamente. ?O Brasil vai passar por uma Copa do Mundo e uma Olimpíada, portanto, o setor hoteleiro será um dos que mais vão crescer?, afirma Derenze, que pretende turbinar a Casa Hotel nos próximos anos.
Mas para a edição que começa dia 25, a novidade é a criação da Casa Talento, espaço para mostrar peças de novos designers e artistas. A 23ª Casa Cor também atraiu empresas internacionais renomadas como a italiana Fendi Casa e a Gorenje, da Eslovênia, que trará sua linha de cozinhas. ?A expansão da Casa Cor não é como uma franquia de McDonald?s.
Sempre é algo calcado em relacionamentos com profissionais que zelem pelo nome da marca?, diz Derenze. Esse foi um dos motivos que atraíram o arquiteto italiano radicado no Brasil Ugo di Pace a participar da Casa Cor pela primeira vez. Conhecido por uma arquitetura luxuosa, Pace está atrás de novos desafios. ?Quero acabar com o mito de que um excelente projeto custa caro?, conta o arquiteto, que apresentará uma casa-pátio com materiais sustentáveis e um espelho d?água que reflete o ambiente interior e o exterior.
Outra aposta em sustentabilidade vem da arquiteta Fernanda Marques, com seu lounge de inverno de 207 metros quadrados, feito com materiais ecológicos. O destaque é o telhado, recoberto por vegetação, que desce da laje e se transforma em balcão e bar. Inovação pura. A arquiteta Brunete Fraccaroli não fez por menos: trará ao evento uma casa de bonecas de 70 metros quadrados com uma estrutura de vidro. Sua ideia inclui uma decoração suntuosa, com direito a lustre decorado com bonecas Barbie. ?Fazer Casa Cor é para mim um laboratório de experiências?, conta Fraccaroli.