27/10/2010 - 21:00
Os EUA vêm praticando uma política belicosa de inundação de dólares em várias praças para gerar liquidez de mercado. A resposta por aqui foi forte – muito embora com efeitos duvidosos a longo prazo. O ministro Mantega voltou a recorrer ao aumento de IOF sobre investimentos estrangeiros para conter a onda. Depois de ter remarcado a taxa de 2% para 4% na renda fixa, repetiu a dose e elevou o pedágio para 6%.
Em paralelo, no mercado futuro, reviu o IOF que incide sobre as margens, de 0,38% para 6%, com o objetivo declarado de reduzir a rentabilidade das operações e inibir a alavancagem. Foi uma paulada. Analistas estrangeiros chegaram a apontar que, nessa toada, o Brasil flerta com o perigo.
Referem-se ao risco, sempre embutido, de os investidores darem as costas por longo tempo ao País, temendo a instabilidade de regras. É fato que intervenções artificiais como essa em uma gangorra cambial que deveria flutuar ao sabor do mercado causam apreensão.
Ao praticar controles de capital o Brasil está irradiando um exemplo que contamina parceiros. Os sul-coreanos já aderiram à prática para equilibrar a variação do “won”. A África do Sul também vem ameaçando seguir esse caminho.
A questão é que, ao tentarem lutar com as mesmas armas contra o afluxo maciço de capitais, os países emergentes geram um processo em bola de neve sem fim. Há uma expectativa de que a China entabule negociações com os EUA para um acordo cambial durante a reunião do G-20, em novembro.
Caso o entendimento não saia, há um risco real de o mundo mergulhar numa era de controle agudo dos capitais. E isso é pior para quem está na plataforma de crescimento rumo ao clube dos países desenvolvidos.
A política econômica contra a instabilidade monetária americana vem gerando efeitos negativos em vários países e no comércio multilateral. O Brasil ainda soma mais benefícios do que prejuízos ao ter uma moeda valorizada e deveria, daqui para a frente, seguir com mais cuidado na ideia de frear a entrada de recursos de fora. Especialmente porque boa parte dele é trazida por corporações estrangeiras com grandes projetos por aqui.