Não foi a primeira vez que o brasileiro mandou recados aos mercados globais por meio do principal diário financeiro da Europa. Em outubro do ano passado, Mantega apimentou a reunião anual do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial ao usar a expressão “guerra cambial” para descrever as tensões entre as moedas das maiores economias do mundo. A franqueza do ministro – personagem de capa desta edição – garantiu acesso instantâneo não somente às páginas cor de salmão do FT, mas a toda a grande imprensa internacional. 

 

Ele trouxe para a linha de frente do debate econômico algo que só era discutido nos bastidores dos governos e órgãos multilaterais. Como ele mesmo define em entrevista à DINHEIRO, o Brasil passou da retaguarda para a vanguarda nas definições da economia global. 

 

O eterno país do futuro já decolou e Mantega, ao contrário dos antecessores que dedicaram a maior parte do tempo à luta pela estabilização, tem o privilégio de participar ativamente de uma complexa agenda de desenvolvimento nacional e global. 

 

Os holofotes externos também se voltam para o Brasil por conta da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016. Qualquer notícia de impacto que envolva o turismo, o esporte e a economia – como as enchentes e deslizamentos de terra dos últimos dias e o caos nos aeroportos – se torna manchete instantânea nos jornais e sites de notícias no mundo todo. 

 

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A foto acima, retrato da tragédia que ceifou mais de 400 vidas no Rio de Janeiro, foi a escolhida pelo Financial Times na quinta-feira 13. O mesmo Brasil que fala grosso na guerra cambial parece inerte diante da batalha fluvial. 

 

Não é o único país do mundo a sofrer atualmente com a força destruidora da natureza, mas é um dos mais incompetentes para lidar com ela, especialmente antes de as tragédias se materializarem. É hora de avançar nas várias esferas de governo, não apenas a federal. 

 

Prevenção e planejamento não matam ninguém e ainda podem salvar vidas. A presidente Dilma Rousseff começou bem o mandato exigindo dos ministros um choque de eficiência na gestão de cada pasta. Se todos cumprirem e forem seguidos por prefeitos e governadores, o Brasil que dá certo será mais eloquente que o Brasil que se afoga. Não há outra opção.