22/10/2003 - 8:00
Tinha tudo para ser um conto de fadas. Virou o avesso da fábula. As princesas transformaram-se em sapos ? e não há meios de reverter a magia. Caroline, de 46 anos, no terceiro casamento, quer ver a irmã Stephanie, de 38, duas uniões oficiais e dezenas de casos, bem longe de seus vestidos Yves Saint-Laurent e das bolsas Chanel. A mais velha acusa a caçula de colecionar homens errados ? e vice-versa. É esse o epicentro da crise na família Grimaldi de Mônaco. Há um ano, deu-se uma cena emblemática da guerra: Stephanie foi ao baile de gala da Cruz Vermelha, evento que reúne um belo naco do PIB europeu, acompanhada de um novo amor, Richard Lucas, nada mais nada menos que o mordomo do pai, o príncipe Rainier. Caroline lhe virou as costas. Não trocaram palavras. ?É meio esquisito ver um criado ao lado de sua filha, depois dele ter servido o pai numa mesa selecionada?, esbraveja Egon von Furstenberg, primo dos Grimaldi, testemunha do quiproquó. Stephanie, por meio de uma rede de amigos, desferiu o contra-ataque diante da postura preconceituosa ? embora compreensível para quem tem sangue azul nas veias. Ela fez vazar, na imprensa, um suposto diálogo com um amigo. Assim: ?Não se preocupe, você sempre aparece melhor do que sua irmã Caroline nas fotos?. A resposta de Steph: ?Oui?. Ao sim em francês, ela ouviu outro comentário lisonjeiro: ?E você é muito mais popular?. Seguiu-se outro oui e a espetada final: ?Sempre escolhi homens melhor do que ela?. Os fatos merecem detalhamento:
? O primeiro casamento de Caroline foi com o empresário Philippe Junot. Terminou com a anulação da união religiosa no Vaticano, graças ao empenho do papa. O segundo, com Stefano Casiraghi, acabou em tragédia. O playboy morreu num acidente com uma lancha de alta velocidade. O atual parceiro é o príncipe Ernst August de Hanover, vigésimo terceiro na linha de sucessão dos Windsor da Inglaterra. Sempre que Caroline disfere diatribes contra a irmã, os amigos da ovelha negra da família saem em sua defesa. ?Se você tem um marido que urina numa obra de arte, bebe como um gambá e bate num garoto no Quênia, como fez Ernst August, então você não pode fazer acusação nenhuma?, diz Bruno Bebert, fotógrafo amigo da Grimaldi espevitada.
? O atual marido de Stephanie, de papel passado, é um acrobata de circo. Ela trocou o Palácio Rosa com 253 suítes, no topo de
uma das colinas de Mônaco, por um trailer (atualmente estacionado em algum lugar perto de Genebra). Antes disso, namorara o chefe do moço, um renomado domador de leões. É sua segunda núpcias assinada. Em 1995 ela trocou alianças com Daniel Ducruet, seu
ex-guarda-costas e pai de dois filhos de Stephanie: Louis, de 10 anos, e Pauline, de 9. Detalhe: quando disseram sim no cartório, Ducruet tinha uma namorada, grávida de seis meses. A boda terminou quando o rapaz foi flagrado por paparazzi numa piscina ao lado de uma beldade conhecida, até hoje, apenas por seus atributos como ?Miss Bélgica Nua?. Ducruet é acusado, atualmente, de envolvimento com uma máfia mobiliária e financeira de Mônaco. Ah, faltou o pai de Camille, de 5 anos. É Jean-Raymond Gottlieb, ele também guarda-costas de profissão.
O tiroteio resulta em estragos para a imagem da dupla. Caroline, por ter construído um ar de princesa de verdade, de carne e osso, perde muito mais. Houve uma época em que ela chegou a receber US$ 530 mil, doados a instituições de caridade, para aparecer nas capas da revista Point de Vue, tribuna da realeza européia. Ela já não vende mais. ?Stephanie é uma personagem muito mais interessante?, resume Patrick Marescaux, editor do semanário de fofocas. Tanta estripulia da princesa moleque assustou o príncipe Rainier. Recentemente ele decretou uma alteração no testamento: Stephanie terá direito a apenas 1% de sua fortuna. O restante ficará com Caroline e Albert. Além disso, ele estipulou em ?apenas? US$ 25 mil os rendimentos mensais da rebelde. Foram decisões duras para Rainier, que ficou ainda mais próximo da filha em 1982, quando Grace Kelly morreu num acidente de carro numa das estradas que ligam Mônaco a Nice. Stephanie tinha 17 anos. Houve quem dissesse que ela conduzia o Rover que caiu no desfiladeiro.
?Stephanie, apesar de todos os problemas, sempre foi a
preferida do pai?, disse à DINHEIRO um empresário que freqüenta os Grimaldi há 15 anos. À revelia do príncipe, Stephanie segue seus instintos. Quer prazer, e ponto. ?Ela teve as aventuras românticas que sempre quis porque não faz distinção social?, resume o empresário. Nesse espécie de distribuição de renda, faz a alegria dos construtores de boatos num mundo repleto de champanhe, bólidos da Ferrari e vinhos de 12 mil euros. Era uma vez, como nos contos de fadas, uma família que nasceu para ser feliz para sempre. O destino lhes subtraiu a mãe prematuramente. Os prazeres mundanos e a solidão de duas mulheres na virada do século trataram de mudar ainda mais o curso dessa história.