30/05/2014 - 20:00
Em 1974, no auge da ditadura militar, a fabricante japonesa de relógios Citizen desembarcou no Brasil com a missão de vender seus produtos em um mercado fechado para as importações. Diante das dificuldades em trazer seus produtos do Japão, a empresa resolveu, oito anos depois, investir numa fábrica na Zona Franca de Manaus. Mas o País mudou, a economia foi aberta aos importados e produzir diretamente aqui deixou de ser interessante. Neste ano, mais de três décadas depois do início da operação local, a japonesa resolveu mudar novamente. Fechou sua fábrica, em abril, e terceirizou a produção de peças e a distribuição para a brasileira Magnum, sua vizinha em Manaus.
“Com essa mudança podemos duplicar e até triplicar as vendas no País”, afirma o diretor mundial da Citizen, Norio Takeuchi. A aposta da marca, segundo ele, é ter um modelo de negócio adaptado à atual realidade do mercado brasileiro. Em maio, o maquinário e os funcionários da fábrica da Citizen foram transferidos para a Magnum, que tem capacidade de produzir 5 milhões relógios por ano, mas produz atualmente 3 milhões. Além da capacidade de produção, o que atraiu a Citizen foi a azeitada estrutura de distribuição da Magnum.
Atualmente, as vendas da marca japonesa se limitam aos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Já a fabricante nacional, que além da marca Magnum detém, ainda, as marcas Champion e Cosmos, e que revende os relógios da Bulova e Disney, possui 10 mil pontos de venda pelo Brasil. “Temos marcas que operam em muitas faixas de preço, mas não tínhamos uma grife como a Citizen no portfólio”, diz Jack Magid, diretor da Magnum. A Citizen faturou US$ 1,6 bilhão em todo o mundo, entre março de 2013 e março deste ano, quando encerrou o ano fiscal.
Além da mudança na estrutura da operação, a companhia japonesa aposta na alta tecnologia. Na terça-feira 27, a empresa lançou no País um relógio equipado com sistema de comunicação via satélite, que se ajusta ao horário local, automaticamente. Tudo isso para concorrer com as inovações do mundo da eletrônica, como os celulares e o iWatch, da Apple? Takeuchi afirma que não. “Há públicos para os todos os produtos, mas os relógios se posicionam mais como acessórios e moda do que um aparelho que informa a hora”, diz.