A relevância da presença da produção vinícola nacional nas prateleiras do varejo de bebidas e nas mesas dos consumidores brasileiros foi confirmada com a divulgação dos vencedores da quinta edição da Grande Prova Vinhos do Brasil, realizada no início do mês, em Garibaldi, na Serra Gaúcha. Ao todo, foram contemplados 30 campeões, de 28 diferentes categorias, apresentados por 14 vinícolas, com destaque para as gaúchas como Miolo, Perini, Valduga e Salton, entre outras, que responderam por nada menos de 27 rótulos vencedores.

Os agraciados foram escolhidos entre 850 rótulos apresentados por 110 vinícolas, um avanço significativo em relação à primeira edição do certame, quando foram avaliados 280 vinhos, inscritos por 80 empresas. “Este ano tivemos uma recorde histórico na quantidade de inscrições e a comprovação da melhora da qualidade de nossos vinhos no número de medalhas alcançado”, afirma Marcelo Copello, do grupo Baco, promotor do evento e presidente do júri da Grande Prova Vinhos do Brasil 2016, que teve como principal atração o francês Michel Friou, enólogo chefe da Viña Almaviva, do Chile. “O vinho nacional já é uma realidade, e não só nos espumantes, pois já temos ótimos vinhos em todas as categorias.”

A edição deste ano trouxe três novidades. A primeira foi a criação da categoria Tintos Super Premium, que contou com 40 vinhos, com preços acima de R$ 100. “Eles constituem a elite dos tintos brasileiros e competem em condições de igualdade com os similares estrangeiros”, diz Copello. A segunda foi a premiação dos chamados Best Buys, vinhos de qualidade com preços até R$ 40.  A terceira inovação foi avaliação dos sucos de uva tintos e brancos, que participaram de um concurso pela primeira vez na história do setor vinícola brasileiro. “Os sucos encantaram os jurados, especialmente os estrangeiros, que não conheciam o produto”, afirma Copello. “Trata-se de um novo filão para a indústria, pois empregam a mesma matéria-prima dos tradicionais vinhos de garrafão, mas com qualidade e preço muito superiores.”    

De acordo com os números  do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), os sucos prontos para beber são o produto que mais se destacou na indústria nos últimos cinco anos. Com 117, 8 milhões de litros, seu crescimento foi de 30% em 2015, acumulando nada menos de 250% desde 2015.

A divulgação dos resultados da Grande Prova Vinhos do Brasil 2016 ocorre num momento particularmente favorável para a indústria vinícola brasileira, um dos poucos setores da economia a apresentar resultados positivos nos últimos dois anos. “O vinho nacional cresceu na crise, substituindo os importados, não apenas em função da alta do dólar, como também pelo investimento das vinícolas em melhores castas de uvas e no aprimoramento da qualidade da produção”, afirma Copello.

Prova disso é que, no ano passado, as vendas de vinhos finos nacionais, que respondem por 38,5 milhões dos 246,2 milhões de litros do consumo total de vinhos no País, aí incluídos os chamados vinhos de mesa, cresceram 7%, contra menos de 1% dos concorrentes estrangeiros. “O vinho fino nacional, embora ainda não seja um produto do dia a dia, como acontece em países como Itália, França e Argentina, passou a fazer parte da nossa paisagem”, diz Copello. “Cada vez mais figura entre as opções do consumidor brasileiro, que está aprendendo a valorizá-lo em sua mesa.”

Um bom termômetro dessa evolução é a carta de vinhos do Copacabana Palace, um dos ícones da hotelaria de luxo do Brasil. De acordo como Ed Arruda, sommelier chefe do Copa, que também foi jurado da Grande Prova Vinhos do Brasil 2016, há cinco anos, o hotel oferecia 10 rótulos nacionais, procedentes de duas vinícolas. Atualmente, são 90 rótulos, de 15 fornecedores. “Hoje, o Copacabana Palace é uma referência nacional na oferta de vinhos brasileiros”, afirma Arruda, que diz utilizar como fontes publicações especializadas, como o Anuário Vinhos do Brasil, que reproduz os resultados do evento.