25/03/2009 - 7:00
MISTURE A CRISE QUE devastou o Sudeste Asiático em 1997 com o atual colapso financeiro. O resultado é o dilema em que vivem os países do Leste Europeu. Bola da vez na quebradeira mundial, a região evidencia-se cada dia mais como epicentro da próxima catástrofe que deverá arrasar governos e estremecer as bases da União Europeia. No início do mês, na cúpula extraordinária do bloco, os países-membros da UE vetaram uma ajuda de US$ 230 bilhões pedida pelo governo da Hungria aos afetados pelo descontrole financeiro. Era a derradeira tentativa de evitar o caos que se aproxima da região. Semanas antes da reunião, um relatório da Moody?s chegou ao mercado como uma bomba. Nele, os economistas da instituição afirmavam que o risco de descumprimento de acordos era extremamente alto, trazendo implicações para a zona do euro e dando sinais claros de insolvência em países como Polônia, Letônia, Hungria e República Checa. ?Esqueçam os problemas com os Estados Unidos?, vaticina o economista José Eli da Veiga, da USP. ?O que virá da Europa será ainda mais perturbador para o cenário econômico mundial.?

Nos países da região, a crise já é sentida nas moedas. Desde agosto do ano passado, o zlotny polonês perdeu 40% de seu valor, o florim húngaro despencou 25% e a coroa checa diminuiu 20%. À DINHEIRO, o economista Nouriel Roubini previu uma onda de calotes no serviço da dívida externa. ?O Leste Europeu está seguindo a rota do desastre?, diz ele.
Desde que abandonaram o comunismo, esses países vinham crescendo pela via do comércio ? eram bases de produção com mão-de-obra barata. Nos casos da República Checa e da Hungria, as exportações chegavam a representar 80% a 90% do PIB. Como o mercado de destino era essencialmente a zona do euro, principalmente a Alemanha, um dos pilares ruiu. Em segundo lugar, o modelo de desenvolvimento deu-se a partir da transferência de empresas da Europa ocidental para o Leste, como as montadoras Renault e Volkswagen, que hoje estão demitindo. Ao todo, os países da região já devem US$ 1,7 trilhão à banca internacional e muitos economistas apontam que de lá virá a nova versão do subprime internacional.