12/09/2022 - 17:14
“Andrew, você é um velho doente!”: O grito lançado nesta segunda-feira (12) contra o terceiro filho de Elizabeth II em Edimburgo exemplifica o incômodo suscitado pela presença deste príncipe caído em desgraça no adeus à falecida rainha, acompanhado por todo o mundo.
O duque de York realizou um breve retorno à cena pública para prestar homenagem a sua mãe, que morreu na última quinta-feira no Castelo de Balmoral, aos 96 anos. No início do ano, ela havia retirado dele seus títulos militares, devido a um escândalo de agressão sexual a uma menor.
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Nesta segunda-feira, o homem de 62 anos era o único filho da monarca que caminhava vestido como civil atrás do caixão, enquanto seus irmãos, o rei Charles III, a princesa Anne e o príncipe Edward vestiam uniformes militares de gala.
Seu papel durante os 11 dias de luto nacional é uma das várias questões inconvenientes com as quais a Casa de Windsor tem que lidar, assim como a ruptura entre o herdeiro do trono, William, e seu irmão Harry, que no sábado apareceram inesperadamente juntos.
Uma prova do incômodo foi o grito de um homem, enquanto Andrew, um ex-piloto de helicóptero, caminhava em silêncio atrás do carro fúnebre que transportava o corpo de sua mãe até a Catedral de St. Giles em Edimburgo para um serviço religioso.
Durante o fim de semana, Andrew também se uniu a outros membros da realeza para cumprimentar o público reunido do lado de fora de Balmoral e para receber o cortejo quando chegou na capital escocesa.
“Como membro da família, como filho da rainha, (Andrew) está logicamente de luto por sua mãe”, mas “muito me surpreenderia se houver algum papel para o duque de York no futuro”, analisa Robert Hazell, especialista constitucional da University College London.
A participação deste ex-playboy divorciado também atraiu olhares durante as cerimônias fúnebres de seu pai, o príncipe Philip, falecido em abril de 2021. Andrew chegou de surpresa junto com a rainha em um carro e a acompanhou na entrada da Abadia de Westminster.
– Acordo milionário –
Seu exílio reflete o grave prejuízo à imagem da família real provocado, estima-se, por sua amizade com o magnata Jeffrey Epstein, que cometeu suicídio em agosto de 2019 nos Estados Unidos após ser acusado de exploração sexual de menores.
Andrew, pai das princesas Beatrice e Eugenie, foi acusado de abusar sexualmente de Virginia Giuffre quando a menina tinha 17 anos. Para dar fim às acusações, fez um acordo extrajudicial e pagou milhões de dólares.
O duque de York, que enfrentava apelos para se afastar da vida pública, deu uma desastrosa entrevista à BBC em 2019, na qual ofereceu uma defesa pouco convincente e questionou a autenticidade de uma fotografia sua com Giuffre.
A rainha, que segundo alguns por muito tempo tinha Andrew como seu “filho favorito”, o despojou de seus títulos no começo de 2022, supostamente sob pressão dos agora monarca Charles III e príncipe herdeiro William.
“As monarquias que perderam o apoio popular desapareceram. Qualquer monarca astuto sempre está atento à opinião pública e responde rapidamente”, explica Hazell. “Esperaria que Charles não fosse muito diferente de sua mãe” nessa questão, acrescenta.
O biógrafo real Robert Jobson informou esta semana que William, que foi visto conduzindo Andrew a Balmoral para acompanhar a rainha em seu leito de morte, é contra um retorno de seu tio à vida pública.
O outrora popular membro da família real por seu serviço ativo durante a Guerra das Malvinas em 1982, contra a Argentina, parece ser reservado atualmente a responsabilidades privadas mais modestas.
Andrew e sua ex-esposa Sarah Ferguson, com quem continua compartilhando uma casa próxima ao Castelo de Windsor, adotaram os amados cães corgi de Elizabeth II, Muick e Sandy, após a morte da soberana, disse sua porta-voz no fim de semana.