O setor de saúde no Brasil está, há tempos, na UTI. A origem do mal é financeira. A equação formada por receitas e despesas simplesmente não fecha em muitas operadoras de medicina privada. De um lado, os clientes reclamam do preço das mensalidades. De outro, médicos, hospitais e laboratórios protestam contra o valor recebido pelos serviços prestados. As empresas de medicina de grupo, tidas como vilãs, também sofrem. Quase 30% delas encerraram o balanço do ano passado com prejuízo, de acordo com estudo da Capitolio Consulting, de Brasília.

?É muito difícil encontrar um equilíbrio neste triângulo formado por usuários, médicos e operadoras?, afirma o ortopedista Nelson Astur Filho, presidente da Associação das Clínicas e Consultórios do Estado de São Paulo (Acoesp). No meio dessa disputa, o elo mais fraco é o consumidor, que fica sem saber qual plano de saúde escolher. Uma pesquisa recém-divulgada pela Acoesp pode ajudar a resolver o dilema. Levantamento realizado pela associação junto a médicos de São Paulo apontou quais os melhores e os piores planos de saúde do mercado. A pesquisa tomou como base o universo de 2 mil médicos cadastrados na associação. O resultado apontou a Sul América como a melhor operadora. Na ponta de baixo do ranking ficou a Royal Saúde, de São Paulo (leia as tabelas abaixo).

A pesquisa levou em conta critérios como valor da remuneração paga aos médicos, pontualidade no pagamento, quantidade de atendimento, interferência da operadora na realização dos procedimentos, não-pagamento de exames realizados, facilidade de comunicação e patamar de burocracia dos convênios. Se itens como remuneração interessam mais à classe médica, questões como burocracia e interferência das empresas nos procedimentos dizem respeito ao cotidiano dos usuários. ?Algumas operadoras colocam uma série de restrições e de burocracia para não atender aos pedidos de exames médicos só para reduzir custos?, diz Astur Filho, da Acoesp. O resultado, entretanto, comprovou uma das leis básicas do capitalismo: a saúde financeira é um indicativo de produtividade e de eficiência. As empresas com mensalidades mais caras ficaram com as melhores posições no ranking. ?Quem cobra mais do cliente paga melhor ao médico, consegue ter uma maior rede credenciada, remunera os prestadores de serviço em dia e os clientes ficam mais satisfeitos?, afirma o médico Carlos Alberto Suslik, coordenador do MBA Executivo em Gestão de Saúde do Ibmec de São Paulo.

A teoria que amarra preço à qualidade dos serviços encontra, porém, sérios opositores. ?Preço não significa qualidade nem pagar mais é garantia de que o cliente não terá problemas com o seu plano de saúde?, pondera Renata Molina, supervisora do setor de saúde do Procon de São Paulo. Prova disso, segundo ela, é que as principais reclamações recebidas pelo Procon-SP, como reajustes de preços e não cobertura de procedimentos médicos, atingem todos os segmentos de seguradoras, empresas de auto-gestão, cooperativas e operadoras de saúde. ?Os problemas são os mesmos para todos, sem distinção?, resume Renata.

E como ficam as operadoras que amargaram uma má posição na pesquisa? A maioria questiona a metodologia do levantamento. Em nota enviada à DINHEIRO, Dix-Amico, Life System e Serma argumentam que o universo de médicos pesquisados é muito pequeno frente ao número total de credenciados. Já a Blue Life disse que pratica um preço justo e cumpre a legislação vigente. O superintendente da Royal Saúde, José Silva dos Santos, reconheceu que a empresa teve problemas de atraso de pagamento no passado, mas que a situação já está resolvida. Para o presidente da Acoesp, o importante é que a pesquisa sirva para alertar tanto os consumidores quanto as operadoras. ?Esperamos que elas vejam quais são seus pontos fracos e possam melhorar?, diz Astur Filho.

Os melhores e os piores

Melhores

Piores

1) Sul América
2) Unimed Paulistana
3) Bradesco
4) Fundação Cesp
5) Omint/Skill

1) Royal Saúde
2) Blue Life
3) Serma
4) Dix Amico
5) Life System

 
Como escolher o convênio

1) Observe a solidez e a credibilidade da empresa
2) Pesquise qual o tamanho da rede credenciada
3) Verifique se há bons médicos no plano
4) Atente para a qualidade dos serviços prestados
5) Levante qual o valor reembolsado pelo plano
caso você utilize serviços médicos fora da rede.