17/01/2014 - 21:00
As contas externas se transformaram no calcanhar de aquiles da economia brasileira. A piora dos resultados em 2013 acendeu o sinal de alerta, com o rombo estrondoso de mais de US$ 105 bilhões no caixa da indústria, e alimentou ainda mais o mau humor do mercado. Internacionalmente, as queixas são de toda ordem: contra o “descontrole” inflacionário, a “maquiagem” dos indicadores e a instabilidade de regras. Há quem aponte o dedo para dizer que o Brasil está virando uma nova Argentina. Pura provocação. Não há dúvida, caso se analisem, sem paixões, as diferenças evidentes.
Mas, para acalmar os ânimos, a própria presidenta Dilma resolveu desembarcar em Davos, onde anualmente ocorre o Fórum Econômico Mundial, com números e argumentos que eliminem dúvidas. A missão não é simples. O parque industrial segue estagnado, andando de lado, até por falta desse recurso de fora que não está chegando em volume suficiente. As importações ficaram pela hora da morte com o descompasso do câmbio e as vendas externas não seguem lá essas coisas por vários motivos – inclusive pela falta de interlocutores que exponham a boa imagem nacional. Ações monetárias pontuais em resposta a desvios de rota não ajudam nada na credibilidade. Ao contrário, geram mais incertezas junto aos investidores.
Tome-se, por exemplo, o caso do último aumento dos juros, para 10,5%, com sinalização de que outros estão a caminho. Um retrocesso que leva o governo Dilma a praticar patamares de taxas muito próximos aos que ela herdou quando assumiu o cargo. Em outras palavras, por decisão direta da autoridade monetária, foi por terra uma das maiores bandeiras da presidenta: juros civilizados. Quem primeiro sente os efeitos da pancada é o “PIB” em geral que tem que se financiar para sobreviver. Dadas a sua criatividade e eficiência, mesmo com esses percalços, ele avança. Não no ritmo ideal, mas dentro de uma margem de segurança razoável. O Banco Mundial registrou que o Brasil deve crescer 2,4% neste ano, numa rota que, espera-se, siga ascendente.