O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, passou até a arriscar previsões. Estima que a partir de abril a inflação mensal começará a girar em níveis compatíveis com o centro da meta – aquela variável mágica com a qual o governo trabalha de um número anual oscilando entre 4,5% e 6,5%. 

 

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Tombini, ainda em início de gestão, vem acompanhando diligentemente o comportamento desse indicador e tem manejado com habilidade os instrumentos monetários para segurar o avanço da carestia. 

 

Seus cálculos merecem, por isso mesmo, credibilidade. Ele não descarta novas medidas restritivas ao crédito ou de qualquer outra natureza para atingir o objetivo. 

 

Quer, acima de tudo, transmitir tranquilidade ao mercado. Pede paciência para que os resultados apareçam. Fala em desacelerar a oferta de financiamentos pessoais com o intuito de esfriar o consumo. 

 

Segue a cartilha de movimentos ortodoxos. Tem de ir com cuidado. Afinal, todos sabem, alguma inflação é necessária e mesmo inevitável para um país que almeja crescimento a taxas mais generosas do que as do passado recente. 

 

A exata medida de equilíbrio do índice – por um lado não estrangulando a demanda e, por outro, não comprometendo a oferta – é difícil de alcançar. 

 

Nessa pajelança é preciso preservar conquistas nacionais, como o aparecimento de uma nova e vigorosa classe de consumidores, a chamada classe C, que continua aumentando, como detectou o Instituto Ipsos Public Affairs. 

 

Em um levantamento recente, o Ipsos apontou que ao menos 31 milhões de brasileiros subiram de classe social no ano passado, com melhora no ganho de renda em todas as faixas. 

 

A Cepal informou por sua vez que a transferência de renda ajudou o Mercosul a driblar a crise, mesmo sob a ameaça de taxas inflacionárias que, em certos casos, fugiram do estimado. 

 

Aqui no Brasil a inflação deve voltar ao leito, mas não a qualquer preço, sob pena de colocar tudo a perder.