20/06/2007 - 7:00
O mês de julho se aproxima e, com ele, a alta temporada para viagens ao Exterior. A constante queda do dólar faz os turistas vibrarem, pois, teoricamente, viajase mais, gastando muito menos. Mas quem achava que as férias não pesariam tanto no bolso, pode estar enganado. Isso porque, apesar de o dólar estar perdendo valor, os pacotes internacionais ganharam números mais altos nas tabelas das agências de turismo. Destino popular entre os brasileiros, a Disney World em Orlando (EUA) é um termômetro desse mercado. Algumas viagens alcançaram este ano um valor até 68,5% maior do que em 2005, embora, no mesmo período, a moeda americana tenha se desvalorizado 26,2% em relação ao real, comparando- se as cotações de 13 de junho de 2005 e 2007. Há dois anos, era possível comprar um pacote de seis dias para a Disney por US$ 1.279, pouco mais de US$ 210 por dia. Hoje, na mesma operadora, cinco dias no reino encantado de Mickey custam US$ 1.796, ou seja, pouco menos de US$ 360 a diária (confira tabela).
As operadoras atribuem esse aumento, em parte, às companhias aéreas. Na Travel Time, do interior de São Paulo, que opera com tarifas da Delta Airlines em seus pacotes para Orlando, as passagens passaram de US$ 435 em 2005 para US$ 795 em 2007. “Foi o aumento de insumo mais significativo que tivemos”, explica Sérgio Volpi, proprietário da agência. Já na Tia Augusta, especialista em excursões de adolescentes para a Disney, o aumento das aéreas não passou de 10%. De acordo com Luiz Filipe Fortunato, diretor executivo da empresa, outro fator que onerou o custo dos pacotes foi a melhoria na qualidade dos serviços prestados. “Colocamos mais noites, hotéis mais qualificados e maior número de profissionais para que as pessoas pudessem usufruir de melhores serviços”, diz. Fortunato ainda afirma que alguns passeios noturnos, jantares e visitas que antes eram opcionais foram incluídos no valor total dos pacotes, aumentando os valores.
Até mesmo a quebra da Varig entra na relação de fatores que, segundo as operadoras, contribuíram para a inflação do Mickey. Em alta temporada, a companhia chegava a operar dois vôos diários para Orlando, detendo cerca de 75% do mercado. Após a crise, ficou apenas com 5%. “As companhias nacionais e internacionais não conseguiram nem puderam suprir os órfãos da Varig”, diz Leonel Rossi Jr., diretor de assuntos internacionais da Associação Brasileira dos Agentes de Viagem (Abav). A CVC, uma das maiores operadoras brasileiras, previu esse problema desde o ano passado e, assim, garantiu uma quantidade maior de lugares nas companhias aéreas. A empresa fretará 17 vôos da TAM para levar seus passageiros à Disney durante todo o mês de julho. Segundo Michael Barkoczy, diretor comercial internacional da CVC, as tarifas mais baixas só são garantidas quando a reserva é feita com antecedência. “Elas se esgotam rapidamente”, explica. Para fugir das altas nos pacotes, uma alternativa é montar seu próprio roteiro, com hotéis e passeios que estejam de acordo com as suas necessidades. O trabalho é maior, mas a inflação não pesa na mala.