07/07/2015 - 19:35
Os publicitários estão sempre atrás de um slogan marcante, que grude na cabeça do consumidor, extrapole o mundo da propaganda e passe a ser utilizado no dia a dia. São raros os casos dos que conseguem cair na boca do povo, a exemplo de bordões famosos como o “Não é nenhuma Brastemp”, da geladeira Brastemp, o “Bonita camisa, Fernandinho”, da US Top, o “1001 utilidades”, da Bombril e o “Quer pagar quanto?”, da Casas Bahia. Na atualidade, o jargão que mais tem chamado atenção é o “Vai, Verão!”, utilizado nas campanhas da cerveja Itaipava, marca do grupo Petrópolis, do empresário carioca Walter Faria.
A frase, criada pela agência Young & Rubicam, para ilustrar os comerciais em que a dançarina Aline Riscado desfila entregando cervejas para homens babões, entrou no vocabulário de muitos brasileiros. Mas a série de propagandas também causou polêmicas, que se estendem ao inverno, muito depois de terem entrado no ar. O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) pediu para a cervejaria retirar algumas peças de circulação, por “apelo excessivo à sensualidade” e machismo. Confusão parecida está sendo causada pelo grupo Petrópolis no mercado nordestino, atraindo consumidores e preocupando concorrentes.
Anteriormente dominados pelas marcas Skol, da Ambev, e Schin, da Brasil Kirin, os Estados nordestinos começaram a ter contato mais próximo com as loiras da Petrópolis com a inauguração de duas fábricas na região. Juntas, as unidades de Alagoinhas, na Bahia, inaugurada em 2013, e Itapissuma, em Pernambuco, oficialmente em operação desde abril deste ano, custaram R$ 1,2 bilhão. Valeu a pena, a julgar pelos resultados no curtíssimo prazo. A participação no mercado regional, que era de 6,1% há um ano, mais que dobrou e já chega a 13,2%, em maio deste ano.
Em Pernambuco, o sucesso foi mais retumbante. Partindo praticamente do zero, antes da construção da fábrica de Itapissuma, a Itaipava detém, agora uma fatia de 18,1% nas vendas de cerveja. “Pernambuco já é o Estado em que temos maior participação individual de mercado”, diz Eliana Cassandre, gerente de propaganda e porta-voz oficial da Petrópolis. Esses resultados reforçam a expectativa do grupo de atingir a sua meta de alcançar 20% de participação do mercado brasileiro, até 2020, e se tornar uma ameaça à hegemonia absoluta da Ambev, que domina o setor com mais de 70% das vendas.
Atualmente, o grupo Petrópolis possui 13,1% do mercado brasileiro e se consolidou na segunda posição, deixando para trás a Brasil Kirin, dona da vice-liderança até dois anos atrás, que já foi ultrapassada também pela holandesa Heineken. Nem mesmo a crise econômica, que preocupa o setor, chega com a mesma força na empresa. Em maio, a produção de cervejas foi 12,8% menor em comparação com o mesmo período de 2014. Mas, como a marca Itaipava depende mais do que os seus concorrentes das vendas em supermercados do que em bares e restaurantes (o chamado mercado frio), isso tem ajudado nos resultados.
“Os mercados frios estão sendo mais atingidos do que o autosserviço”, afirma Eliana. “Então, a crise bate menos forte na nossa porta.” De qualquer forma, os solavancos da economia fizeram a empresa passar a navegar de acordo com a demanda, neste ano. Segundo Eliana, a empresa não tem, no momento, previsões de resultados para 2015. No começo do ano, a Petrópolis chegou a divulgar que poderia crescer 35%, para quase R$ 12 bilhões de faturamento. Agora, o foco está em aproveitar as oportunidades. “Estamos ouvindo muito o mercado”, diz ela. “E queremos crescer no que chamamos de áreas brancas, a exploração de novos mercados.”
Isso significa aproveitar o bom momento da marca Itaipava no Nordeste, que também deve receber o lançamento da cerveja de preços mais popular do grupo, a Crystal, e do energético TNT. As duas novas unidades de produção no Nordeste foram preparadas para abastecer toda a região e mais o Norte, onde a empresa está começando a chegar só agora através de revendedores. Há muito a ser feito, e, se o interesse da população local continuar superando as expectativas, novos investimentos podem acontecer. “Podemos ter uma nova fábrica no Nordeste, se tudo continuar indo tão bem”, diz Eliana. “Por que não?”