UM COMUNICADO AOS cotistas dos fundos do Opportunity Asset Management começou a ser enviado na sexta- feira 1º de agosto. Foi quando o Opportunity informou a intenção de passar a administração de seus fundos de investimento para o BNY Mellon Serviços Financeiros. As estratégias e a gestão dos recursos continuam na casa de Daniel Dantas. Mas todo o restante do processo ? cálculo das cotas, contatos com os investidores, custódia dos ativos, auditoria, análise de risco e outras atividades ? ficará por conta do banco americano. A transferência depende da aprovação dos clientes do Opportunity nas diversas assembléias que ocorrerão até o final de agosto.

As negociações entre as duas instituições começaram no início do ano. ?Faz tempo que ensaiamos esse namoro?, diz o diretor de serviços financeiros Alberto Elias. O que era uma intenção virou necessidade para o Opportunity depois que a Operação Satiagraha da Polícia Federal colocou sob investigação o principal gestor dos fundos de investimento, Dorio Ferman, bem como os demais executivos. Os clientes, assustados, sacaram quase R$ 2 bilhões. Foi a senha para acertar a transação com o BNY Mellon. A oportunidade não foi desperdiçada. ?É difícil conquistar um cliente com o tamanho e o peso do Opportunity no Brasil?, diz o presidente do BNY Mellon, Zeca Oliveira.

Com sede em Nova York, o BNY é o maior administrador de ativos de fundos independentes do país, com R$ 62,2 bilhões. Segundo a Associação Nacional dos Bancos de Investimento, as carteiras do Opportunity somavam R$ 19,2 bilhões em julho. Estima-se que os pedidos de resgate e a volatilidade da Bolsa deverão provocar uma queda para R$ 14 bilhões. Mesmo assim, esse valor já é suficiente para levar o banco americano à quarta colocação no ranking do setor (veja quadro acima).

Esse crescimento mostra a capacidade de o carioca Zeca Oliveira fazer negócio. Eram R$ 12 bilhões sob administração do BNY Mellon quando ele assumiu a presidência no País, no início de 2004. Como orientação à sua equipe, Oliveira pediu que a palavra ?não? fosse esquecida antes de analisar uma grande gestora ou uma novata. A regra vale, principalmente, quando se fala com os pequenos. Eles podem ser o bilhete premiado da loteria e se tornar as vedetes dos investimentos. ?É uma marca nossa apostar em novos gestores?, afirma Oliveira. Na carteira do BNY Mellon estão mais de mil fundos de investimento e 180 gestores, como a Ciano, do ex-BC Ilan Goldfajn, a Quest, do ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, e a pequena Humaitá, que tem se destacado entre os fundos de ações. ?O administrador garante que todos os mandatos estarão sendo cumpridos para a segurança do cliente?, diz Frederico Mesnik, sócio da Humaitá.

O administrador também é o responsável legal pelo cumprimento das regras do fundo perante as autoridades, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Em 2006, o Mellon foi parte de um processo no órgão regulador que envolvia o fundo San Marino, gerido pela paranaense Global Invest. O patrimônio derreteu de R$ 20 milhões para R$ 143 mil em maio daquele ano. Os clientes acionaram judicialmente tanto a gestora como a administradora, pois desconfiavam que havia ocorrido o descumprimento do regulamento do fundo, que estaria mais alavancado do que o permitido. Em janeiro deste ano, a CVM julgou o processo e absolveu o Mellon ?de todas as infrações que lhe foram imputadas?. A Global e seus gestores foram multados.