08/12/2022 - 14:33
Ela é uma jogadora de basquete americana genial e militante dos direitos das comunidades negra e LGBTQIA+. Ele, um russo considerado um temível traficante de armas. Brittney Griner e Viktor Bout foram protagonistas, nesta quinta-feira (8), de uma troca de prisioneiros cinematográfica.
Campeã olímpica com a seleção americana e pioneira LGBTQIA+, Griner, de 32 anos, viu sua carreira interrompida ao ser presa na Rússia, um episódio que provocou um impasse entre Washington e Moscou ao estilo da Guerra Fria.
A afro-americana está entre as 11 jogadoras que conquistaram uma medalha de ouro olímpica, um título da WNBA, o Campeonato Mundial e o troféu da liga universitária dos estados Unidos.
Ajudou a levar a seleção nacional ao topo do pódio no Rio de Janeiro, em 2016, e em Tóquio, no ano passado, o sétimo ouro olímpico consecutivo americano.
Em fevereiro de 2013, Griner declarou publicamente que era homossexual em uma entrevista à revista Sports Illustrated. Seu acordo de patrocínio com a Nike foi o primeiro firmado com um atleta abertamente gay.
“Estou apenas tentando ajudar”, disse à revista People na época. “Tento fazer com que isso não seja tão difícil para a próxima geração.”
Sua esposa desde 2019, Cherelle Watson Griner, estava na Casa Branca quando o presidente Joe Biden anunciou nesta quinta-feira sua libertação.
Griner estava atuando na Rússia durante a intertemporada da WNBA, como fazem muitos profissionais dos Estados Unidos que buscam salários mais altos que em seu país.
Venceu três campeonatos russos e quatro títulos europeus com seu poderoso clube, UMMC Ekaterinburg. No entanto, em 17 de fevereiro, uma semana antes de as tropas russas invadirem a Ucrânia, foi detida no aeroporto de Moscou e acusada de tráfico de drogas por portar “vape”, um tipo de cigarro eletrônico, com óleo de cannabis.
Na época, a jogadora afirmou que tinha uma receita de um médico americano para usar a cannabis medicinal para aliviar dores de lesões, mas acabou sendo condenada em agosto, por tráfico de drogas, por um tribunal russo e sentenciada a nove anos de prisão.
– Dono de uma frota particular –
Segundo um relatório das Nações Unidas, Viktor Bout nasceu em Dushambe, capital da ex-república soviética do Tajdiquistão. Atualmente com 55 anos, estudou no Instituto Militar de Línguas Estrangeiras de Moscou antes de entrar na Força Aérea da URSS.
A partir de 1991 e com a queda da União Soviética, Bout soube, segundo os seus acusadores, como se aproveitar do caos que reinava em seu país para adquirir a preços baixos grandes quantidades de armamentos de bases militares deixadas à própria sorte e com oficiais que buscavam formas de enriquecer ou simplesmente subsistir.
Durante duas décadas, seu nome foi sinônimo de tráfico internacional de armas, até que foi detido na Tailândia em 2008, em uma operação encoberta de agentes americanos.
Dois anos depois, foi enviado aos Estados Unidos após uma longa batalha judicial por sua extradição, que provocou tensões entre Washington e Moscou.
Apelidado pelas autoridades dos EUA de “mercador da morte”, Bout foi acusado de tentar vender para agentes americanos, que se passavam por compradores da então guerrilha colombiana das Farc, mísseis terra-ar e outras armas que seriam supostamente usadas contra membros das forças de combate às drogas dos Estados Unidos.
As autoridades americanas acreditam que Bout, que serviu de inspiração para o personagem interpretado por Nicholas Cage no filme “O Senhor das Armas”, utilizou uma frota de aviões de carga constituída após o fim da Guerra Fria para levar armas para a África, América de Sul e Oriente Médio.
Após ser considerado culpado de tráfico de armas em novembro de 2011 pela Justiça federal dos Estados Unidos, foi condenado a 25 anos de prisão em abril de 2012.
Naquele momento, o Ministério das Relações Exteriores russo prometeu que faria o possível para trazê-lo de volta à Rússia, algo que finalmente conseguiu dez anos depois.