30/03/2011 - 21:00
No primeiro galpão da fábrica da Alstom em La Rochelle, na França, soldadores trabalham em chapas de aço ou alumínio que aos poucos se transformam em paredes e teto de trens de alta velocidade.
Nada mais distante da alta tecnologia. Mas é no segundo galpão, onde são montados os componentes elétricos, colocados os motores e feita a pintura, tudo de maneira artesanal, que fica claro que dali saem alguns dos mais aguardados trens europeus. Não por acaso, fotos são proibidas.
Bala vermelha: além de conforto, o passageiro do Italo terá conexão de internet, tevê e cinema à disposição
E é desse lugar que estão saindo os trens Italo, da operadora italiana Nuovo Tras-porto Viaggiatori (NTV), que tem como um dos principais controladores o empresário Luca di Montezemolo, presidente da Ferrari.
Outros acionistas são o banco italiano Intesa, a seguradora italiana Generali e a SNCF, operadora estatal de trens francesa. Embora a Ferrari não tenha participação direta na operadora de trens, já está claro que o novo serviço, no terceiro trimestre deste ano, pretende explorar a identidade da marca italiana de veículos associada ao luxo e à velocidade. Os trens são pintados de “vermelho Ferrari”, como dizem, orgulhosos, os executivos da Alstom.
A entrada em operação do Italo será o primeiro teste para a última geração de trens de alta velocidade da empresa francesa, batizada de AGV (Automotrice Grande Vitesse), que pode atingir velocidades comerciais de 360 km/h.
O trem reúne arquitetura articulada e energia elétrica distribuída, modelo que dispensa locomotivas. Segundo Philippe Jarros–son, diretor da plataforma de trens de alta velocidade da Alstom, a eliminação das locomotivas aumenta a capacidade de passageiros em 20%.
Montezemolo já escolheu a primeira viagem: Roma a Milão
“A composição articulada reduz expressivamente o ruído dentro dos trens”, afirma Jarrosson. O Italo poderá ter de 7 a 14 carros e levar de 250 a 650 passageiros.
Por enquanto, os detalhes do interior do trem, feitos pela Italdesign-Giugiaro, são guardados a sete chaves. Mas já se sabe que serão bem mais luxuosos que os da média dos trens de alta velocidade na Europa.
A ideia é oferecer mais conforto do que um avião e ganhar passageiros, por exemplo, pela oferta de conexões de internet de alta velocidade, que podem ser usadas no trem durante toda a viagem, e alternativas de entretenimento.
Haverá televisões e até um carro que exibirá filmes com qualidade de cinema. No carro-cinema, que ficará na extremidade do comboio, os equipamentos de áudio serão semelhantes aos usados na primeira classe do Airbus 380 – o maior avião comercial do mundo.
Todos os bancos serão de couro e o trem terá três classes: comum, executiva e primeira classe. Quem quiser embarcar na nova experiência do luxo poderá viajar de Roma a Milão a partir de setembro. O serviço será estendido até Salerno, no sul, e Veneza e Turim, no norte da Itália, até o verão de 2012.