Ouça um resumo da reportagem

 

No primeiro galpão da fábrica da Alstom em La Rochelle, na França, soldadores trabalham em chapas de aço ou alumínio que aos poucos se transformam em paredes e teto de trens de alta velocidade. 

 

 

Nada mais distante da alta tecnologia. Mas é no segundo galpão, onde são montados os componentes elétricos, colocados os motores e feita a pintura, tudo de maneira artesanal, que fica claro que dali saem alguns dos mais aguardados trens europeus. Não por acaso, fotos são proibidas.

 

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Bala vermelha: além de conforto, o passageiro do Italo terá conexão de internet, tevê e cinema à disposição 

 

E é desse lugar que estão saindo os trens Italo, da operadora italiana Nuovo Tras-porto Viaggiatori (NTV), que tem como um dos principais controladores o empresário Luca di Montezemolo, presidente da Ferrari. 

 

Outros acionistas são o banco italiano Intesa, a seguradora italiana Generali e a SNCF, operadora estatal de trens francesa. Embora a Ferrari não tenha participação direta na operadora de trens, já está claro que o novo serviço, no terceiro trimestre deste ano, pretende explorar a identidade da marca italiana de veículos associada ao luxo e à velocidade. Os trens são pintados de ?vermelho Ferrari?, como dizem, orgulhosos,  os executivos da Alstom. 

 

A entrada em operação do Italo será o primeiro teste para a última geração de trens de alta velocidade da empresa francesa, batizada de AGV (Automotrice Grande Vitesse), que pode atingir velocidades comerciais de 360 km/h. 

 

O trem reúne arquitetura articulada e energia elétrica distribuída, modelo que dispensa locomotivas. Segundo Philippe Jarros?son, diretor da plataforma de trens de alta velocidade da Alstom, a eliminação das locomotivas aumenta a capacidade de passageiros em 20%. 

 

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Montezemolo já escolheu a primeira viagem: Roma a Milão

 

?A composição articulada reduz expressivamente o ruído dentro dos trens?, afirma Jarrosson. O Italo poderá ter de 7 a 14 carros e levar de 250 a 650 passageiros.

 

Por enquanto, os detalhes do interior do trem, feitos pela Italdesign-Giugiaro,  são guardados a sete chaves. Mas já se sabe que serão bem mais luxuosos que os da média dos trens de alta velocidade na Europa. 

 

A ideia é oferecer mais conforto do que um avião e ganhar passageiros, por exemplo, pela oferta de conexões de internet de alta velocidade, que podem ser usadas no trem durante toda a viagem, e alternativas de entretenimento. 

 

Haverá televisões e até um carro que exibirá filmes com qualidade de cinema. No carro-cinema, que ficará na extremidade do comboio,  os equipamentos de áudio serão semelhantes aos usados na primeira classe do Airbus 380 ? o maior avião comercial do mundo.  

 

Todos os bancos serão de couro e o trem terá três classes: comum, executiva e primeira classe. Quem quiser embarcar na nova experiência do luxo poderá viajar de Roma a Milão a partir de setembro. O serviço será estendido até Salerno, no sul, e Veneza e Turim, no norte da Itália, até o verão de 2012.

 

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