16/04/2003 - 7:00
Há tempo que os controladores do Sudameris procuram um comprador para o banco no País. O último interessado, o Itaú, desistiu da aquisição por achar muito alto o valor pedido pelos donos atuais, de US$ 1,4 bilhão.
Na semana passada, boatos no mercado davam conta que o namoro atual seria com o Bradesco. Outros apostavam no ABN Amro. Enquanto o casamento não é oficializado, o banco controlado pelo grupo italiano IntesaBCI trabalha para aumentar sua rentabilidade e ficar mais atraente.
No sábado 12, o Sudameris promove, em São Paulo, um leilão de 61 imóveis. Se fossem vendidas pelo lance mínimo, as propriedades ? próprias ou recebidas de terceiros como pagamento de dívidas ? garantiriam ao banco R$ 26 milhões. Entre os imóveis ofertados estão um prédio preparado para abrigar empreendimentos de alta tecnologia, avaliado em R$ 13,4 milhões, e um apartamento duplex de cobertura no bairro dos Jardins, em São Paulo, com lance mínimo de R$ 3,6 milhões. Pelas estimativas do coordenador de imóveis da Turn Key Leilões, João de Souza Simão, o ágio deverá ficar em torno de 30% sobre o valor mínimo, algo próximo a R$ 34 milhões.
O valor arrecadado no leilão pode até ser matematicamente irrisório perante o volume total de ativos do banco, que soma R$ 12,1 bilhões. Nesse caso, porém, o que importa não é o volume de recursos, mas o benefício proporcionado no balanço do Sudameris. Segundo o analista Alan Marinovic, da ABM Consultoria, ao vender esses imóveis o Sudameris poderá aplicar esses recursos no mercado, aumentando o seu resultado não operacional e a lucratividade. Além disso, o banco mostraria aos possíveis interessados que está preocupado em reduzir seus custos administrativos, hoje em 6,3% dos ativos, bem acima da média nacional, que é de 3,8%, de acordo com a ABM. A estratégia é confirmada pelo gerente geral de recursos materiais do Sudameris, Sidney Minaif. ?O leilão é uma forma de enxugar a nossa carteira de crédito e converter em ativo financeiro um recurso que hoje está, literalmente, parado em imóveis?, diz Minaif.