01/04/2009 - 7:00
ELE NÃO É UM NOTEBOOK, MAS TAMBÉM não se encaixa no perfil dos netbooks, os ultraportáteis disponíveis no mercado. É quase tão pequeno quanto um smartphone, mas não tem funções de celular. Seu nome é Vaio P, o computador de bolso premium da Sony, que acaba de chegar ao Brasil. Com apenas 2 cm de espessura e 620 gramas, ele é o laptop portátil mais compacto do mundo. Apesar de a capacidade de memória do Vaio P ser maior – possui 60 GB de disco rígido e memória RAM de 2 GB -, ele vem equipado com o mesmo processador dos outros ultraportáteis. Isso faz com que sua performance não destoe da dos demais. Ocorre que seu preço, no mercado, é bem mais alto. Enquanto um netbook custa em média R$ 1,4 mil, o Vaio P sai por R$ 3.999. Além disso, o modelo disponível no Brasil não dá acesso à rede 3G. A pergunta que fica é por que alguém pagaria mais que o dobro para ter um PC menor, mas com conectividade limitada? A Sony tem uma resposta para isso. “Em 1979 a Sony inovou o mercado com a criação do primeiro walkman”, lembra Francisco Simon, gerente de marketing da linha Vaio. “Agora, 30 anos depois, revoluciona com a criação de uma nova categoria de PC, a do PocketStyle PC.” De fato, se diferenciar da concorrência mirando o topo da cadeia de consumo não é novidade para a Sony. A empresa sempre adotou esse tipo de estratégia para seus negócios, ao lançar produtos de ponta com preço mais elevado do que a média de mercado, de olho nos consumidores endinheirados. Agora, será posta à prova mais uma vez. “O Vaio P é inegavelmente atraente, divertido e excitante no design, mas não estou certo de que corresponda ao seu preço”, disse o analista Adrian Covert, ao testar o produto para o site de tecnologia Gizmodo.
A grande bandeira do Vaio P é sua elegância e mobilidade. “Se fôssemos comparar os PCs aos carros, eu diria que o netbook é um Gol 1.0 e o Vaio P é um Smart. A diferença do último está no preço e no design diferenciado”, conta o professor da USP Marcelo Zuffo, especialista em meios eletrônicos interativos. Enquanto as outras fabricantes disputavam para trazer ao mercado compactos a baixo custo, a Sony optou pela sofisticação. A fabricante quis atrair o consumidor pela novidade e pelo status que um eletrônico hitech de luxo costuma proporcionar. “O Vaio P não é um gadget tecnológico, e sim um produto premium, sofisticado, que reflete a personalidade e o estilo do seu consumidor”, diz Gustavo Araújo, gerente de produto da linha Vaio. A principal atração do mini PC é a tela de alta definição de 8 polegadas ultra widescreen. Apesar de a proporção ser pequena, permite visualização de dois sites ao mesmo tempo. “É um produto voltado para o consumo de nicho. Não será vendido em grande escala”, afirma Zuffo.
Há outro desafio à estratégia da Sony: os preços dos netbooks estão caindo. Isso explica a expectativa de que a venda dos ultraportáteis deve dobrar neste ano. Em 2008, o mercado brasileiro de laptops chegou a 3,2 milhões de unidades vendidas, sendo que apenas 3% eram netbooks. Em 2009, a participação deve saltar para 7%, o equivalente a 300 mil máquinas. O preço do Vaio P vai contra essa tendência. Com quase a metade do tamanho de outros netbooks, portar um Vaio P seria quase o equivalente a carregar uma garrafinha de água mineral. O PC da Sony cabe até no bolso, assim como os smartphones, que acumulam funções de celular e de computadores portáteis e, de certa forma, também concorrem com os netbooks, com preços bem mais acessíveis. O modelo da Sony vem com bluetooth e rede Wi-Fi, mas não tem entrada para 3G, a conexão com maior expectativa de crescimento no Brasil. Mesmo assim, a fabricante está otimista. Sem citar o volume de vendas, a Sony afirma que a linha Vaio teve um crescimento de 400% em 2008. “Em 2009 manteremos um crescimento maior do que o do mercado, que terá um incremento de cerca de 10% sobre o ano passado. A Sony atingirá os 100%”, delineia Simon.