O melhor negócio da C&A não aparece em vitrine de loja ou desfile em passarelas da moda. No Brasil, a rede descobriu um filão bem mais rentável: a C&A abriu um banco. Em financeiras instaladas dentro das 65 lojas de departamento ou em agências que estão sendo abertas em sete Estados, a grife holandesa oferece produtos como empréstimos pessoais, seguros, títulos de capitalização e fundos de investimento ? artigos bem diferentes das calças, camisas e calçados vendidos em suas lojas. ?Se você ainda acha que fazer seguro é complicado e caro, conheça os seguros que a C&A oferece?, anuncia um folheto do mais novo banco brasileiro.

Essa é uma experiência inédita para os holandeses. Em nenhuma das 449 lojas da rede na Europa pode-se encontrar terminais eletrônicos para fazer saques e pagamentos de contas como ocorre no Brasil. Há um bom motivo para a loja de roupas passar a oferecer fundos de investimento que rendem ?até o dobro de juros da poupança?. Enquanto a venda de roupas proporcionou no ano passado um lucro equivalente a 6% do patrimônio da rede no Brasil, o braço financeiro rendeu 12,8% do patrimônio do banco.

Os resultados animaram os executivos a ampliar os serviços bancários. Hoje, o banco está em 65 lojas da rede e tem uma agência em São Paulo e duas no Rio de Janeiro. Neste ano, serão abertas nove agências, em cidades como Recife, Salvador e Fortaleza. As agências trazem o logotipo e a chancela da C&A, mas são conhecidas por outros nomes. Quando estão instaladas nas lojas, são chamadas de IbiBank e as agências de rua recebem o nome de IbiCred, uma homenagem à primeira C&A do Brasil, no Shopping Ibirapuera, em São Paulo.

Mesmo investindo nos serviços financeiros, a C&A não perdeu o foco de seu negócio principal. Suas lojas de departamento no Brasil acumularam um faturamento nada desprezível de R$ 1,5 bilhão no ano passado. Com o IbiBank e o IbiCred, a C&A pode obter ganhos financeiros, mas também incrementar as vendas das lojas. Ao oferecer produtos como seguro-desemprego, a C&A pode reduzir os riscos de inadimplência nas compras a prazo. A estratégia já despertou a atenção da concorrência, inclusive no meio financeiro. ?A operação é de dar inveja?, diz o presidente de uma financeira.