16/10/2002 - 7:00
O roteiro daria uma bela história de conto de fadas. Ingredientes é o que não faltam, pois trata-se de um país com reis, príncipes e castelos. As paisagens também renderiam um bom documentário sobre o requinte. Não é exagero. Quando o carro percorre a estrada que liga Alesund, cidade pesqueira da
Noruega, ao fiorde de Geiranger, um dos mais belos do país,
tudo fica claro. Ao parar o automóvel na chamada curva da
águia, a dois quilômetros de Geiranger, a cena demonstra que, se fosse mesmo uma história lúdica, você seria o rei. No local rodeado de montanhas rochosas com o topo coberto de neve e o mar a 250 metros, um garçom com taças de champanhe o espera para dar as boas-vindas no requintado roteiro pelos fiordes noruegueses, que são penhascos esculpidos pelas geleiras na era glacial e hoje foram invadidos pelo mar.
A recepção é regida pelo Union Hotel, um dos mais aristocráticos do país nórdico. Fundado em 1891, ele é hoje comandado pela quarta geração da família Mjelva, que faz questão de manter as tradições. A começar por um passeio que resgata a nostalgia dos anos 20 e 30. Um carro Studebaker President, de 1932, o único existente no mundo, leva-o para o mirante de Flydalsjuvet. O hotel também reserva relíquias de mais de um século, como um conjunto de móveis, feito artesanalmente na época de sua fundação. Mas para sentir-se como um nobre basta pagar US$ 6 mil para que um helicóptero o leve a um jantar em cima de um fiorde de 250 metros onde há uma fazenda do século 18. Foi lá que a rainha Sonja e o rei Harald V, da Noruega, comemoraram suas bodas de prata.
O próximo capítulo se passa na pitoresca cidade de Loen. É a preferida dos milionários ingleses aficionados por pesca. Eles hospedam-se no hotel Alexandra, onde um sofisticado jantar, cujo cardápio principal, carne de rena, é servido dentro da adega do hotel. É a receita ideal para no dia seguinte visitar a geleira de Briksdal, guiado por uma carruagem, cheia de cachoeiras formadas pelo gelo derretido. Foram paisagens como essas que seduziram o kaiser da Alemanha, Guilherme II. O nobre costumava ancorar o seu iate na cidade de Balestrand. Em uma dessas viagens, o rei alemão ficou sabendo que havia eclodido a I Guerra Mundial. Naquele momento, ele estava sentado na varanda do hotel Kvikne?s.
Na Noruega, a sofisticação e a história estão presentes em cada lugar. Em Bergen, segunda maior cidade do país, acontece o ápice da viagem. Um barco o leva até a ilha de Lysoen para conhecer a casa que pertenceu a Ole Bull, compositor de música clássica e mentor do renomado Edward Greeg. Na sala de estar da casa, do século 19, uma decoração eclética mistura cúpulas russas com arquitetura moura. E é lá, no meio desse lugar cercado de história, que um magnífico concerto é feito somente para você. Depois disso tudo, um passeio de hidroavião, no fiorde de Hardanger, fecha esse conto de fadas com chave de ouro.