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NAS ÚLTIMAS SEMANAS, um zunzunzum tem dominado o mundo das grandes redes varejistas no País. A sensação é que todo mundo está à venda ? e todos querem comprar todo mundo. A boataria ganhou força com a abertura no Brasil da primeira loja do megaempresário mexicano Ricardo Salinas, dono da rede Elektra. Salinas tem sido assediado por pequenas cadeias locais interessadas em vender-lhe o negócio. O mexicano planeja ter 25 lojas no Nordeste até dezembro. Nessa onda de eventuais casamentos, há uma noiva que se oferece para ir ao altar. Trata- se da segunda maior cadeia de eletroeletrônicos do Nordeste, a Lojas Maia, com 128 pontos-de-venda e R$ 600 milhões de faturamento. Neste ano, a empresa contatou, em momentos diferentes, o Magazine Luiza e o Ponto Frio na busca de um possível comprador, apurou a DINHEIRO. Também esteve em conversas com a rede de Salinas, que não se interessou. ?Ele agradeceu, mas declinou da proposta. Sua estratégia é crescer organicamente?, afirmou uma fonte ligada à cadeia mexicana. Mas um executivo de um fabricante de eletrônicos confidenciou à DINHEIRO que a cadeia já está num avançado processo de due diligence. Do outro lado do balcão estaria o Ponto Frio, segunda maior cadeia de eletrônicos do Brasil, interessada em avançar no Nordeste.

A região nunca foi tão atraente. O crescimento das vendas é, no mínimo, o dobro da média do País. ?A fase é ótima?, afirma Marcelo Maia, diretor comercial da Lojas Maia. Mas não admite a venda da companhia. Limita-se a dizer que um processo de profissionalização está em andamento, o que deve levar ao afastamento de Arnaldo Maia, o presidente e neto do fundador, da linha de frente dos negócios. ?Abrimos 22 lojas e queremos faturar R$ 750 milhões neste ano. Não há razão para vender.? O negócio realmente vai bem (cresce acima de 20% ao ano), as lojas têm localização privilegiada (encravadas em grandes centros comerciais populares) e há uma ampla exposição da marca, com campanhas publicitárias agressivas. Desde que abriu a primeira loja, o ?seu Chico?, Francisco Severiano Vasconcelos, pai de Arnaldo, deixava clara a linha mestra da futura rede: ?Nunca vamos colocar os carros na frente dos bois?, dizia ele. Por isso, passo a passo, os Maias construíram um pequeno império, e mudanças por lá poderiam não fazer sentido. Mas há um porém. A chegada de Salinas no mercado e, principalmente, o interesse de Arnaldo de se afastar da operação (após décadas de dedicação integral) mudaram o cenário. A sucessão entrou na ordem do dia e, por consequência, a hipótese de venda da operação.

Com cinco filhas e quatro sócios (três irmãos e um sobrinho), Arnaldo Maia já deu os primeiros passos nessa direção. Nenhuma das filhas pretende ocupar a cadeira do pai, e essa decisão poderia abrir espaço para uma disputa interna entre os irmãos. ?Isso não vai acontecer. Não somos o Pão de Açúcar. Nossa família é muito unida?, rebate Maia, ao se referir às desavenças familiares entre os Diniz no final dos anos 80. Em 2007, a empresa montou um conselho de administração e há planos para implantar um modelo interno de governança corporativa. Dessa forma, a Maia profissionaliza as suas estruturas e, quem sabe, fica mais atraente aos olhos dos investidores.