É bastante provável que você, cara leitora ou leitor, tenha nascido entre o pôr e o nascer do sol. Como veremos à frente, a grande maioria dos partos normais acontece durante a noite, sobretudo de madrugada. Uma nova pesquisa, contudo, demonstra o motivo pelo qual a maioria dos bebês nasce à noite.

A pesquisa, publicada no periódico Biology Letters, utilizou biologgers (um tipo de chip de monitoramento biológico) para avaliar a temperatura corporal durante o parto de 24 fêmeas da espécie conhecida como macaco-vervet (Chlorocebus pygerythrus).

 

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O estudo, ademais, monitorou as fêmeas em períodos diferentes, ao longo de aproximadamente 7 anos. Agora, os dados da pesquisa mostram, portanto, que 17 dos 24 nascimentos ocorreram durante a noite. Isso reforça a ideia de que primatas diurnos parem à noite, mas pela primeira vez um artigo coletou dados fisiológicos que reforcem a hipótese.

 

Em teoria, o filhote nasce à noite majoritariamente por vantagens evolutivas. Depois do sol se pôr, é mais fácil para a fêmea evitar predadores e mesmo membros do próprio bando. Esse padrão também favorece a ligação entre a mãe e o filhote após o nascimento, segundo a pesquisa.

Acontece que, durante os períodos mais inativos destes macacos (durante a noite) a temperatura corporal média dos animais cai significativamente. Para as fêmeas grávidas, a temperatura despenca ainda mais logo antes do parto, e sobe logo após o nascimento.

 

De acordo com os autores, esse resfriamento prévio ajuda a proteger o filhote de lesões durante o nascimento. O período noturno, assim, facilita o processo pelas temperaturas ambientais já mais baixas.

 

O aumento da temperatura após a cria ajuda ainda a fêmea a proteger o filhote da hipotermia – especialmente porque a maior parte dos nascimentos ocorre de madrugada, com temperaturas mais baixas, como dito acima.

A maioria dos bebês humanos nasce à noite

De acordo com uma pesquisa de 2018, 71% dos partos naturais (de humanos) da Inglaterra, entre 2005 e 2014 aconteceram durante a noite. Uma vez que os Homo sapiens também são primatas, é muito provável que nossa espécie tenha mecanismos fisiológicos semelhantes aos dos macacos-vervet durante o parto.

Apesar da nova pesquisa não contar com dados de seres humanos, contudo, ela pode liderar novos estudos clínicos na nossa espécie.

 

“Nossas descobertas não apenas oferecem novas ideias sobre as consequências térmicas no nascimento e a evolução do período de nascimento, mas também podem fornecer uma explicação evolutiva para alguns dos riscos de saúde associados ao nascimento humano.”, afirmam os autores no artigo.

A placenta serve de nutrição para os macacos-vervet

Além do ambiente noturno fornecer temperaturas mais amenas e, portanto, mais segurança para os filhotes, os pesquisadores observaram outra característica nos primatas selvagens. As fêmeas de macaco-vervet tendem a comer a placenta após o nascimento do filhote.

 

Apesar de parecer bizarro para a nossa espécie, o órgão pode fornecer uma fonte de nutrientes importante para a mãe macaca. Esses nutrientes podem auxiliar, por exemplo, no ajuste da temperatura corporal e na lactação.

 

Ademais, comer a placenta pode ser um recurso para evitar que predadores acabem atraídos para o local do nascimento.