O EMPRESÁRIO PAULO Pimentel, 66 anos, é um homem acostumado às adversidades e faz delas grandes oportunidades de negócios. Filho de fazendeiros, ele trabalhava com bois e, na década de 70, deixou de lado a agropecuária para se dedicar aos cavalos da raça purosangue inglês ? uma de suas grandes paixões. Mas, ao entrar nesse mercado, surgiu uma dificuldade: era difícil vender os animais. Diante do problema, começou a organizar leilões. ?Não existia leilão no Brasil, as transações eram muito amadoras?, diz ele. Os negócios iam bem, mas uma partida de futebol, por mais incrível que pareça, mudou sua vida. Um dia, enquanto disputava uma pelada de fim de semana com amigos, machucou o joelho e recebeu a notícia de que nunca mais poderia jogar. ?Aquilo foi um choque?, confessa Pimentel. Essa adversidade, entretanto, serviu de impulso para outro negócio. Apresentado ao golfe por seu filho Cristiano, Pimentel começou a dar algumas tacadas e, mais uma vez, enxergou no seu problema uma oportunidade. ?Larguei os leilões para me dedicar ao golfe?, diz ele. Em 1995, com a experiência que tinha acumulado, criou a Golfe & Cia e passou a organizar campeonatos corporativos de golfe. Desde então, a aposta de Pimentel se provou cada vez mais certa. Estima-se que o mercado brasileiro de golfe movimente cerca de R$ 500 milhões por ano e, cada vez mais, as empresas buscam o esporte como um meio de se relacionar com seus clientes.

?O golfe é uma ótima oportunidade para marketing de relacionamento. Isso é o que a Golfe & Cia busca promover?, diz Pimentel. Como cada partida dura em média quatro horas, Pimentel vê aí uma chance de reunir diversos empresários golfistas para que possam conversar de maneira relaxada enquanto jogam. Por isso criou o Circuito Empresarial de Golfe, um evento que acontece anualmente, desde 2003, com etapas mensais de abril a dezembro. Cada empresa participante tem direito de levar oito convidados, que jogarão o torneio empresarial. A entrada no campeonato custa R$ 120 mil a cada grupo. ?Todo golfista observa o network que o golfe proporciona como um benefício?, explica José Roberto Martins, da Global Brands, consultoria especializada em gestão de marcas. ?A aura de prestígio do esporte acaba por valorizar as marcas que se associam ao golfe?, completa. Não é à toa que várias empresas de grande porte como a LG, BMW, Vivo e HSBC patrocinam campeonatos que a Golfe & Cia organiza e vêem aí uma ótima oportunidade de se aproximar de seus clientes.

A BMW, por exemplo, patrocina o Golf Cup International, um dos mais tradicionais torneios brasileiros, que terá sua 57ª edição em 2009. ?Nestes eventos, a venda fica em segundo plano. Usamos o espaço para que clientes em potencial conheçam nossos produtos?, afirma Jorg Henning Dornbusch, presidente da BMW do Brasil. A LG também vê a proximidade dos jogadores de golfe com seu tipo de público. Nos últimos seis anos, a empresa investiu cerca de R$ 6 milhões para promover o LG Vivo PGA Championship, uma prova que dura cinco dias e envolve 130 jogadores. Estes eventos costumam ter outras atrações, como shows e recreação para as crianças, de modo a incentivar a participação de toda a família. No Brasil, um evento de golfe bem-sucedido atrai cerca de quatro mil pessoas ? um número razoável para um esporte ainda visto como de elite. ?Mas está conquistando mais adeptos?, acredita Álvaro Almeida, presidente da Confederação Brasileira de Golfe. Bom para o esporte e, melhor ainda, para a Golfe & Cia.