23/12/2016 - 0:00
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mudou desde que Maria Silvia Bastos Marques assumiu a presidência, em junho deste ano.
Nos dez anos que ficou sob o comando de Luciano Coutinho, a instituição de fomento ficou marcada pela sua busca e incentivo à formação dos campeões nacionais. Maria Silvia reformulou esse papel. Agora, ela quer projetos campeões, em todos os setores e com empresas de todos os tamanhos. Entre todos, porém, ela tem um preferido. “O saneamento básico é a menina dos meus olhos”, diz à coluna.
A escolha tem muito a ver com o papel social do banco e com a transformação que os avanços na infraestrutura de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto podem promover na sociedade. Apesar de estar entre as dez maiores economia do mundo, o Brasil aparece na 112a posição entre 200 países no ranking de desenvolvimento de saneamento de acordo com um estudo elaborado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
A má colocação não é uma surpresa. Atualmente, menos da metade da população brasileira tem acesso ao esgoto e apenas 40% do que é coletado vai para tratamento. As regiões Norte e Nordeste são as mais críticas, com 14,4% e 28,8%, respectivamente. “A dúvida é se é quase metade mesmo, porque os índices medem o metro construído do encanamento e não a prestação de serviço”, afirma Maria Silvia.
No início de novembro, o BNDES lançou os editais de um programa de financiamento para projetos de saneamento. A ideia é conseguir estudos que mostrem a viabilidade de substituir os prestadores estaduais de serviços, seja com a privatização ou modelos de parcerias. “Tem locais no Nordeste que há 5% de coleta e zero de tratamento. Sem falar nos lixões, mas essa é uma segunda etapa.”
(Nota publicada na Edição 999 da Revista Dinheiro, com colaboração de: André Jankavski, Luís Artur Nogueira e Márcio Kroehn)