20/12/2013 - 21:00
Era uma vez uma empresa cuja história parecia seguir a estrutura clássica dos contos de empreendedorismo digital. Os empresários entusiastas de tecnologia Marcel Malczewski e Wolney Betiol criaram a Bematech em 1989 em uma sala de 15 metros quadrados de uma incubadora de Curitiba. Com o passar dos anos, ela se firmou como a rainha das impressoras de cupom fiscal. Recebeu investimentos, expandiu sua atuação e abriu o capital em 2006. No meio do caminho, o advento das notas fiscais eletrônicas quase pôs tudo a perder. Afinal, com a NFC-e é possível mandar o documento por e-mail, dispensando a maquininha.
Fome de mercado: Cleber Moraes, CEO da Bematech, sabe que não tem tradição
em atender o cliente final e, por isso, busca parceiros
A Bematech começou, gradativamente, a incrementar a importância dos softwares nos resultados. Em 2007, software representava 9% do faturamento da companhia. No ano passado, essa participação passou para 27%. Hora do banquete para coroar o final feliz? Nada disso. Agora, a Bematech quer ir para o outro lado do balcão. A empresa vem chamando à mesa empresas especializadas no contato com o consumidor final. “Investimos R$ 200 milhões em aquisições nos últimos quatro anos”, afirmou o CEO Cleber Moraes. Entre as oito empresas incorporadas pela Bematech estão fornecedores de software para restaurantes (Mister Chef) e hotéis (CMNet).
A empresa passou a apostar em soluções integradas de hardware, software e serviços. Com isso, cerca de 30% dos negócios já são de clientes com atendimento completo. Uma área de alianças estratégicas, atualmente liderada por Paulo Eduardo Guimarães, recrutado na IBM, foi criada para desenvolver essa estratégia. A primeira cria desse departamento foi o aplicativo para celulares Hotel Asap, que permite reservas de última hora em hotéis (“Asap” é a sigla em inglês para “o mais rápido possível”). A solução une o Buscapé, famoso pelo comparador de preços, com o sistema de gestão dos quartos da Bematech.
“O hotel não tem trabalho algum para oferecer quartos no aplicativo”, afirma Henrique Arruda, diretor de tecnologia do Buscapé. Arruda prevê que o aplicativo será baixado 700 mil vezes durante o primeiro trimestre do ano que vem. Até agora, foi baixado menos de mil vezes na Google Play, a loja do Google. Outro serviço agregado aos sistemas da Bematech é a integração com a credenciadora de cartões americana Elavon. A empresa, quarta maior processadora de pagamentos dos EUA, passou a atuar no Brasil no começo do ano passado com a ambição de ganhar mercado da Cielo e da Rede.
Uma das armas para seu crescimento no Brasil é a parceria com a Bematech. Os sistemas das empresas estão conectados desde setembro, o que facilita a instalação. “É como se a Bematech fosse um canal de distribuição”, diz Antônio Castilho, presidente da subsidiária brasileira da Elavon. “Dividimos o lucro de todas as operações com a Bematech.” Segundo Castilho, a Elavon já conquistou dois mil clientes através dessa parceria. A aliança com a Elavon pavimenta o passo seguinte que a Bematech quer dar.
A próxima solução envolve a startup Toppay, especializada em facilitar pagamentos por meio do celular. “Nossa empresa combate as filas”, diz Leonardo Rochadel, CEO da Toppay. Com aplicativos da companhia, que devem estar disponíveis para os celulares Android e iPhone no começo do ano que vem, vai ser possível efetuar o pedido e o pagamento de restaurantes da mesa. Os softwares da Toppay e da Bematech se encarregam de notificar ao estabelecimento que a conta foi paga e enviam um comprovante digital, é claro, pois o tempo dos cupons impressos está ficando para trás.