21/12/2015 - 0:00
Com passagens bem-sucedidas pela presidência da antiga Rhodia,no Brasil, e pela direção mundial de seu controlador, o grupo Rhône Poulenc, na França, José Carlos Grubisich, que a J&F, dos irmãos Wesley e Joesley Batista, recrutou na ETH energia, para dirigir a Eldorado Brasil, é um dos mais internacionalizados executivos brasileiros.
Sua missão foi construir, a partir do zero, a fábrica de celulose da Eldorado, localizada em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. Três anos depois do início das operações da unidade, a empresa tem o que comemorar: sua produção anual de celulose atingiu, 1,7 milhão de toneladas, em 2015, mais de 10% acima da capacidade nominal. “Ganhamos 200 mil toneladas de graça, sem investimentos, apenas com melhorias no processo produtivo”, diz Grubisich.
Mais: de janeiro a setembro, o balanço registra um lucro acumulado de R$ 267 milhões, o primeiro desde a inauguração da fábrica, em dezembro de 2012. “Estamos fechando o ano com R$ 1,5 bilhão em caixa, o equivalente aos vencimentos dos próximos 12 meses”, afirma.
Para esse resultado, contribuiu a experiência globalizada de Grubisich: segundo ele, 90% das receitas da Eldorado proveem do exterior. O principal mercado é o asiático, que absorve 40%, seguido pelo europeu, com 35%. Apenas 10% das vendas são colocadas no mercado interno, o que não deixa de ser uma benção, nestes tempos de estagnação da economia. “Temos um portfólio equilibrado, não apenas geograficamente”, diz. “Nosso maior cliente represente apenas 5% das encomendas.”
Segundo Grubisich, a Eldorado foi contemplada com outros dois fatores decisivos em 2015. O primeiro deles é o crescimento da demanda global por celulose, que vem aumentando 1,8 milhão de toneladas anuais, puxada principalmente pelos mercados emergentes. Com isso as cotações da commodity subiram cerca de 80 dólares por tonelada, um crescimento de 10% sobre 2014. O segundo fator, naturalmente, foi a apreciação do câmbio, que turbinou o desempenho das empresas do setor. “Atualmente, os preços estão estabilizados num patamar interessante”, afirma.
O cenário favorável, que deve manter-se no médio prazo, animou a Eldorado Brasil, a antecipar o projeto Vanguarda 2.0, que prevê a construção de uma segunda linha de produção em Três Lagoas. Com início de operações no fim de 2018, o projeto prevê a duplicação da capacidade de produção para quatro milhões de toneladas anuais, com investimentos da ordem de R$ 8 bilhões. A companhia participará com R$ 3 bilhões, ficando o restante dos recursos a cargo do BNDES e do Fundo de Desenvolvimento do Centro Oeste.