15/02/2006 - 8:00
Imagine um sujeito que até os 20 anos de idade só tomava Coca-Cola, devorava almôndegas de carne com frango frito e, hoje, tem o olfato comparado ao cérebro
de Einstein. O americano Robert Parker tornou-se o mais reputado enólogo do planeta, cujas notas atribuídas a
uma determinada safra podem destruí-la ou permitir o nascimento de novos milionários. O livro ?O imperador
do vinho?, de Elin McCoy, lançado no Brasil pela Editora Campus/Elsevier, é um saboroso mergulho na vida de Parker e no mercado dos tintos e brancos. Mostra como a bebida de Baco virou sinônimo de estilo mas sobretudo milionários. O livro ?O imperador do vinho?, de Elin McCoy, lançado no Brasil pela Editora Campus/Elsevier, é um saboroso mergulho na vida de Parker e no mercado dos tintos e brancos. Mostra como a bebida de Baco virou sinônimo de estilo mas sobretudo como o mago do nariz, capaz de experimentar 10 mil vinhos por ano, praticamente inventou um ramo da economia. A investigação de Elin McCoy tem detalhes inéditos dessa aventura. É a gênese de um belo negócio. Parker começou a ganhar notoriedade em 1982, quando descobriu uma espetacular safra de Bordeaux e a apresentou ao mundo, já com sua clássica pontuação de 100 pontos – os agraciados com 95, é certo, ficam sempre muito ricos. Mas foi apenas em 1995 que seu sistema passou a determinar o comércio.
Quem recebesse uma boa nota de Parker poderia cobrar preços mais elevados. Um negociante de vinhos estima, no livro, que a diferença de um escore de 85 e um de 95, nas vinícolas de primeira linha, chega a 7 milhões de euros de faturamento.
Ainda mais interessante é o modo como a hierarquia parkeriana fermenta os investimentos dionísicos nas bolsas de Nova York e Londres. Parker virou moeda. O Screaming Eagle do vale do Napa, na Califórnia, teve a primeira safra em 1992. O de 1997, vinho de 100 pontos, chegou ao mercado a US$ 125, mas em pouquíssimo tempo alcançou US$ 2.500 a garrafa em leilão. Um sujeito pagou US$ 500 mil por um vasilhame de 6 litros em 2000. Para Elin McCoy, ?uma vez divulgado um escore, ele adere a um vinho como se estivesse gravado na rolha?. Para os amantes das boas histórias de relações econômicas, conhecer a trajetória de Parker é crucial. Ajuda e entender porque muitos produtores põem nas prateleiras rótulos apenas para agradar o rei do olfato.