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Há quem acredite que os palpites do americano Jack Welch, 73 anos, considerado o executivo do século pela revista Fortune, valem tanto quanto um bilhete de loteria premiado. Afinal, à frente da General Electric entre 1981 e 2004, ele fez o faturamento da empresa saltar de US$ 27 bilhões para US$ 125 bilhões.

Hoje, aposentado, ainda exala um certo magnetismo de modo a atrair um séquito de pessoas em busca de seus conselhos – suas palestras não saem por menos de US$ 150 mil. Há, entretanto, uma pessoa que tem acesso a todos os seus conhecimentos de graça e os transforma em dinheiro. Dona de um corpo esguio de 1,62 m de altura, cabelos castanhos ondulados e olhos levemente puxados, a jornalista Suzy Welch, sua esposa 24 anos mais nova, é como a sombra que segue Jack por onde ele anda.

Juntos, os dois já escreveram dois livros, Paixão por vencer e Paixão por vencer: as respostas, além de manterem uma coluna semanal na revista BusinessWeek e em outros 45 veículos mundo afora. “Conversamos sobre as ideias. Eu escrevo e ele analisa. Dependendo do quão perto eu estou do conceito, reescrevo até chegarmos lá”, conta Suzy à DINHEIRO.

Mas ela quer provar que é bem mais do que a mulher de Jack Welch. Por isso Suzy já se arrisca em voo solo. Seu primeiro livro sem o marido, o 10-10-10: hoje, amanhã e depois (Editora Ediouro, 224 pág, R$ 39,90), uma obra de autoajuda que ensina um método de tomada de decisões, ficou por quatro semanas na lista dos mais vendidos do The New York Times e acaba de ser lançado no Brasil. “Não sou como meu marido, que as pessoas identificam como um grande líder. Sou uma escritora e editora”, explica Suzy.

O método ensinado por ela em seu livro consiste em analisar as consequências de qualquer decisão nos próximos dez minutos (curtíssimo prazo), dez meses (médio prazo) e dez anos (longo prazo), daí o nome 10-10-10. Conhecimento de causa em decisões difíceis, Suzy pode dizer que tem.

Quando Suzy Welch, então Suzy Wetlaufer, conheceu Jack Welch, ela era editora chefe da publicação americana Harvard Business Review. Sua missão era fazer uma entrevista com Jack Welch para publicar na revista. O ano era 2001. Ela tinha 42 anos, era divorciada e estava saindo com um médico. Já ele, contava 66 anos e se encontrava casado.

Durante a conversa, sua primeira pergunta foi sobre liderança. Jack tinha uma resposta na ponta da língua. “Você não é líder para ganhar um concurso de popularidade. Você é líder para liderar”, respondeu Jack. A segunda pergunta foi sobre estratégia. Na terceira questão, Jack ordenou que Suzy desligasse o gravador. Aí foi ele quem perguntou: “Você tem alguém?”. Diante da resposta afirmativa, disse.

“Ele é um chato, livre-se dele.” Foi o início de um romance que dura até os dias de hoje. Na época, a história causou furor na mídia americana e Suzy foi demitida. Para piorar, a esposa traída de Jack denunciou o gordo pacote de benefícios da aposentadoria que a GE pagava ao executivo e que incluía até ingressos para assistir a jogos de baseball.

Após o escândalo, Jack optou por reembolsar a corporação. Após o escândalo, Suzy ganhou uma coluna na revista de Oprah Winfrey, na qual apresentou o seu 10-10-10. “Suzy é uma profissional altamente competente, que já tinha uma carreira antes de conhecer Jack”, aponta Fernando Mantovani, diretor da Robert Half, consultoria de RH. Mas, sem dúvida, carregar o sobrenome famoso abre portas.