A guerra cambial foi parar no tribunal do FMI. Reunidos em Moscou, ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais discutiram a pendenga. Coube à diretora-geral do Fundo, Christine Lagarde, bater o martelo da sentença: “A discussão é exagerada”, disse. Para ela não há qualquer desalinhamento forjado na cotação das moedas globais. Muito embora mercados financeiros enxerguem vestígios de um jogo sujo nesse campo e tenham provocado especulações de toda ordem, em prejuízo dos chamados países emergentes. No âmbito do G-20, e mesmo entre os integrantes do FMI, uma espécie de muro de defesa foi erguido para evitar que a ideia de um controle monetário transnacional prolifere. 

 

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Vários representantes dos ditos países desenvolvidos se manifestaram ferozmente, como a formar um cordão de isolamento, em torno da tese de que um regime de cotações prefixadas implodiria com a competitividade internacional. O dirigente do BC europeu, Mario Draghi, em tom irritado, protestou: “É inapropriado, infrutífero e autodestrutivo esse debate de guerra cambial.” Do outro lado do mundo, o brasileiro Guido Mantega tem liderado a cruzada de acusações contra o que considera uma política deliberada dos ricos de dinamitar, via desvalorização forçada, a expansão das nações emergentes. Na mesa do Fundo conta mais quem controla a banca e, por isso mesmo, o voto, especialmente do time dos latinos do Mercosul, foi vencido. 

 

O bloco ainda teve de amargar queixas contra o excesso de intervenções monetárias. O FMI não está gostando das sucessivas ingerências sobre câmbio e juros praticadas por países como o Brasil e a Argentina. A pressão contra o que é encarado como “ações protecionistas” cresce por esses dias. Uma comissão da Organização Mundial do Comércio (OMC) já foi constituída com o objetivo de fiscalizar mercados que estejam, no entender dessa turma, ferindo normas de concorrência com medidas artificiais. Os inspetores da OMC devem desembarcar nos próximos dias no Brasil para examinar contas e avaliar a política comercial interna. Para autoridades daqui, o movimento é visto quase como uma retaliação às pressões exercidas por revisões no campo cambial. Ao que parece, a lei do mais forte, e do peso da moeda que carregam, voltou a prevalecer.