16/07/2003 - 7:00
Nos últimos meses, Hebert Hainer, principal executivo da Adidas, tem gasto boa parte de seu tempo ouvindo e falando de Brasil. Não sem motivo. Por aqui, a empresa vem experimentando taxas de crescimento acima de 45%. Em 2002, as receitas somaram R$ 145 milhões e a expectativa é avançar 30% neste ano. A empresa pretende lançar no País uma linha mais econômica de tênis.
Na terça-feira 8, Hainer ? que dirige uma
empresa de US$ 7,5 bilhões ? concedeu
a seguinte entrevista à DINHEIRO:
Dinheiro ? A Adidas pretende transformar David Beckham em um novo Michael Jordan?
Hebert Hainer ? A comparação não procede. Jordan ganhou diversos títulos e também bateu recordes na liga de basquete americana. O Beckham ainda tem uma longa trajetória a percorrer. Mas, sem dúvida, Beckham é um ativo importante para a companhia, porque ele tem uma imagem positiva em todos os cantos do mundo.
Quais os planos para Kaká (do São Paulo), o Fluminense e o São Paulo, todos patrocinados pela empresa?
Estamos estudando formas de ampliar nossa participação no futebol, o principal esporte no Brasil e na Argentina. Posso adiantar que já gravamos um comercial no qual unimos Beckham, Cacá e Zidane.
Como o sr. pretende virar o jogo nos Estados Unidos, onde a Nike domina?
Para liderar nos EUA é preciso ter uma grande penetração no basquete. Já temos o Tim Duncan (campeão pelo San Antonio
Spurs). Nossa próxima cartada será a contratação de outro
grande astro da NBA, cujo nome só vou revelar dentro de al-
gumas semanas. Essa será nossa resposta à Nike.
Isso terá impacto imediato nas vendas da Adidas?
Nosso trabalho é sempre de longo prazo. Neste ano esperamos
atingir receita de US$ 1,4 bilhão com a marca Adidas nos EUA, patamar idêntico ao apurado em 2002.
A Adidas ultrapassará a Nike até a Copa de 2006, que acontecerá na Alemanha, terra da Adidas?
A Adidas é líder mundial nesta categoria. O futebol está em nossa história e em nossa alma desde que a seleção alemã venceu a
Copa do Mundo de 1954, com chuteiras fabricadas por nós. Sobre a Copa de 2006, o que posso dizer é que gostaria que a final fosse novamente entre o Brasil e a Alemanha e que, desta vez, o
resultado fosse diferente.
Como o sr. avalia a economia brasileira e o desempenho da Adidas por aqui?
De um modo geral, a economia da América Latina vem passando por dificuldades nos últimos anos. Porém, as taxas de crescimento das vendas no Brasil, Argentina e Chile demonstram que a região continua bastante atraente para nossos produtos.
Como isso pode ser traduzido em números?
No Brasil nós crescemos 50% em 2001 e 45% no ano passado.
A performance foi semelhante nos demais mercados e perma-
nece vigorosa. Uma boa amostra disso é que já avançamos
45% no primeiro trimestre deste ano.
O Brasil será plataforma de exportação da Adidas?
Na verdade, o Brasil já envia uma pequena quantidade de peças para os EUA. Contudo, nosso foco continua sendo abastecer o mercado local e também os países da América Latina