25/01/2012 - 21:00
Os fundos de renda fixa foram os campeões de rentabilidade no ano passado, principalmente pela elevação da inflação no primeiro semestre. Em 2012, porém, um novo fator pode afetar esses investimentos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mudou o cálculo do índice de inflação oficial do governo, o IPCA. Caiu o peso dos serviços, que subiram 9% em 2011, e ganharam importância os bens duráveis, que tiveram deflação de 1,56%. Essa intervenção deverá reduzir a inflação, e o novo IPCA projetado para 2012 é de 5,3%.
A mudança trará um esforço extra aos gestores dos fundos de inflação e um risco adicional aos investidores. Os fundos não seguem exatamente o IPCA, mas um índice do mercado financeiro, chamado IMAB, que é uma média ponderada da rentabilidade dos títulos do governo corrigidos pela inflação ao longo de determinados períodos. “Nos fundos passivos, em que o objetivo é apenas seguir a variação do IPCA, o investidor poderá sentir uma pequena perda”, diz Ronaldo Patah, superintendente de renda fixa do Itaú Unibanco.
Quem não quiser sofrer essa perda terá de correr para os fundos ativos, nos quais o gestor tem papel fundamental na escolha dos títulos do governo que trarão maior retorno. Esses títulos pagam juros mais a variação da inflação. “Os índices de preços e a taxa Selic estão caindo, o que vai reduzir os juros reais”, diz Marcelo Mello, vice-presidente da SulAmérica Investimentos. Para compensar, os gestores terão de comprar títulos de prazos mais longos, que pagam taxas maiores.
O problema é que trabalhar com prazos mais longos significa mais risco. “A dificuldade de projeção é enorme, a crise na Europa pode se desdobrar para uma crise de crédito e afetar o Brasil”, diz Ricardo Rossi, gerente de investimentos da Votorantim Asset Management. Em função de tamanha incerteza, apenas investidores institucionais compram papéis mais longos, com vencimento a partir de 2030. No entanto, esses papéis vão passar a rechear as carteiras dos fundos voltados para o pequeno investidor – que terá de se acostumar a correr mais riscos.