A Sony está disposta a esquecer temporariamente o seu passado para garantir o ingresso em um novo mundo.
A companhia de US$ 63 bilhões anuais
de faturamento e 168 mil empregados pretende deixar de ser uma simples fabricante de equipamentos eletrônicos para se tornar conhecida na distribuição
de conteúdo em redes de alta velocidade, internet ou corporativas, para os seus consumidores. ?Estamos reinventando
o nosso modelo de negócio?, costuma afirmar em suas entrevistas o presidente do conselho de administração da Sony, Nobuyuki Idei, que divide o comando com o executivo Kutitake Ando. Essa dupla está disposta a mudar os destinos da companhia.

A idéia é aparentemente simples. Idei e Ando querem que cada equipamento deixe as fábricas da Sony com a característica de se comunicar e receber informações pelos serviços de banda larga. Nessa lógica, um simples walkman poderá receber arquivos de música digital durante a caminhada do seu dono sem a necessidade de estar conectado a uma linha telefônica. Ou as famílias que se reúnem à frente da TV terão à disposição um acervo de 33 mil horas de programação que poderá requisitar a qualquer momento pagando uma simpes tarifa. Hoje, essas novidades não existem no mercado, mas a Sony quer ser a pioneira, como fez ao lançar em 1979 o primeiro walkman da história. Antes ocorreram outras tentativas, incluindo a capitaneada pelo grupo AOL Time Warner que, por enquanto, frustrou suas expectativas.

A Sony está convencida que o futuro de qualquer empresa com o seu perfil está na convergência de tecnologia e conteúdo. No portfólio da companhia não faltam equipamentos que podem se encaixar perfeitamente nessa nova ordem. O mais recente é o robô SDR-4X. A máquina é capaz de dançar ao ouvir qualquer música, reconhecer rostos e transpor alguns obstáculos. O robô não é o produto que a Sony quer massificar dentro do novo modelo. A empresa aposta nos telefones celulares, câmeras digitais, televisões, videogames, videocassetes, DVDs, computadores domésticos e de mão e uma infinidade de pequenos itens eletrônicos. No setor do entretenimento é dona de um estúdio de cinema em Hollywood, uma gravadora e canais de TV. A mudança no perfil do negócio também significará enfrentar novos adversários, como a Nokia e a Microsoft no mercado de videogames.

A nova realidade é levada tão sério que há duas semanas a
Sony decidiu mudar a sua estrutura administrativa. Desde
a sua fundação em 1946 por Masaru Ibuka e Akio Morita, a
Sony seguia os padrões japoneses na composição do seu
conselho de administração e nos processos de auditoria interna. Agora, o modelo é o americano. Fazendo tudo certo, a companhia espera ter as condições necessárias para o salto tecnológico que pretende dar nos próximos tempos.