02/02/2001 - 8:00
Na contramão da maré brasileira de importar mais do que exporta, o Mato Grosso está nadando de braçadas. Os empresários do Estado precisaram importar apenas US$ 90 milhões em máquinas, implementos e equipamentos agrícolas para alcançarem, no prato das exportações, um resultado de US$ 1 bilhão em venda de commodities no ano passado. Agora, está em preparação no Estado um novo avanço ? a atração, por meio de vários incentivos fiscais concedidos pelo governo local e pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) de empresas capazes de industrializar os produtos extraídos da agricultura. ?Agregar valor é o nosso caminho?, diz Alexandre Furlan, presidente da Federação das Indústrias do Mato Grosso. ?Assim vamos ganhar ainda mais?.
A tentativa de tornar o Estado uma nova fronteira industrial brasileira tem base em investimentos privados de aproximadamente US$ 750 milhões no setor de energia elétrica. De dependente, o Mato Grosso passará a exportador de energia em 2001, após o início das atividades da usina termoelétrica da Pantanal Energia. O algodão, que começou a ser produzido em larga escala na região há seis anos, é o carro-chefe desse processo de industrialização. Com a qualidade do produto atingindo padrões internacionais, começam a chegar ao Estado empresários do setor de fiação para iniciar o beneficiamento do algodão lá mesmo. A Fiasul, do Paraná, já anunciou uma fábrica em Rondonópolis.
O segmento de madeira também vai receber tratamento diferenciado, com incentivos fiscais e diretos. Espera-se um crescimento do plantio de árvores não nativas e com certificação ambiental, após a recente liberação de empréstimos do Fundo Constitucional do Centro-Oeste para esse tipo de atividade. O empresário Carlos Bona está à espera do subsídio em forma de desconto do Imposto sobre Circulação de Mercadorias, oferecido pelo governo estadual, para aumentar a fabricação de compensados e carpetes de madeira de sua fábrica de R$ 3 milhões. ?Ainda tem espaço para muita gente trabalhar aqui?, comenta.
O turismo será uma terceira frente estratégica. Até agora primário e precário, vai receber dinheiro externo. O Banco Interamericano de Desenvolvimento começa a liberar ainda este ano US$ 400 milhões, a serem divididos com o Mato Grosso do Sul, para melhora de estradas e saneamento básico. ?Queremos elevar nossos ganhos do setor dos atuais R$ 700 milhões para algo próximo de R$ 1,2 bilhão em 2005?, diz Ezequiel José Roberto, secretário de Turismo do Estado.